22 abril 2025, 17:16
Boavista: SAD paga dívida do clube e luz volta ao Estádio do Bessa
Restabelecido o fornecimento de energia ao recinto graças à intervenção de Fary Faye
Corte de luz simboliza muito mais que os problemas financeiros do Boavista
Chega a parecer argumento de stand up de tão insólito: quando um clube (Boavista) que já foi campeão nacional se prepara para receber um dos grandes candidatos ao título (Sporting) com um corte de luz no seu estádio por falta de pagamento diz muito sobre a gestão de uma sociedade desportiva mas dirá ainda mais sobre todos aqueles que de uma forma ou de outra têm impedido que o futebol profissional em Portugal dê passos largos rumo à modernidade.
O Boavista é um bom exemplo: tem um apoio social superior à da maioria dos clubes da Liga, tem história, usufrui de um dos estádios do Euro 2004, está situado numa zona privilegiada da segunda maior cidade do país e no entanto todos os anos é notícia por salários em atraso ou dívidas a terceiros. A questão que se coloca nestas alturas é sempre a mesma: até que ponto o controlo financeiro na Liga é suficientemente eficaz para impedir esta gestão pré-Excel.
O controlo apertado das finanças e as graves penalizações que daí advêm em campeonatos que os portugueses têm como referência não servem para prejudicar o clube A ou B, mas para beneficiar as respetivas competições como um todo. Quando nos deparamos com o que tem vindo a acontecer nos últimos cinco anos em Espanha conseguimos perceber o que está por detrás da rigidez do fair play financeiro e cuja bandeira dessa batalha tem sido as restrições do Barcelona em fazer grandes contratações: a procura de contas certas e gestão altamente profissional de todos os clubes para garantir uma competição em que todos respiram melhor.
22 abril 2025, 17:16
Restabelecido o fornecimento de energia ao recinto graças à intervenção de Fary Faye
Podemos falar do corte de luz no Bessa como podíamos recordar os constantes adiamentos de jogos na Choupana, do clube que o grande público não tem a certeza se é Aves ou AVS, do Casa Pia jogar num estádio a 100 quilómetros da sua sede, das más condições de vários estádios ou dos muitos jogos disputados a horas proibidas sem público e sem interesse.
Para quem é um pouco mais velho recordar-se-á que os ditos pequenos tinham grandes assistências nos seus estádios mesmo quando defrontavam adversários sem ser Benfica, Sporting ou FC Porto. Era o futebol de há 30 ou 40 anos pior que agora? Talvez. Mas estava muito abaixo dos seus congéneres europeus à época? Não, basta lembrarmo-nos como eram os estádios em Espanha ou Inglaterra nos anos 80.
20 dezembro 2023, 19:10
Jogadores não recebem há três meses e funcionários do clube acumulam quatro meses de salários em atraso
O que mudou? Com a Lei Bósman e entrada em cena do capitalismo no futebol via direitos televisivos gerou-se um fosso entre ricos e pobres. Mas não só: criou-se um fosso entre quem adotou modelos competitivos e de gestão adaptados aos novos tempos e aqueles que… pararam no tempo.
Dir-se-á que hoje em dia é muito complicado competir com a oferta digital existente: por exemplo, uma assinatura anual de uma plataforma de streaming custa menos do que uma ida à bola para uma família de quatro pessoas. Mas na Bélgica e Países Baixos também há Netflix e os seus estádios estão cheios, com preços de bilhetes proporcionais ao respetivo poder de compra.
21 abril 2025, 10:00
Francisco Lampreia esteve envolvido na venda de direitos em outros mercados. Diz que por cá estamos a fazer (quase) tudo mal sobre um negócio que será determinante para Portugal
Perceber como e porquê isso acontece em ligas com a mesma dimensão da portuguesa é um exercício que devia estar na ordem do dia. Sem imitações, mas com decisões estruturais adaptadas à nossa realidade para fazer devolver as pessoas aos estádios. Para acabar de vez por todas com o apagão (muito maior que o corte de luz no Bessa).