Kokçu e Lage, mas Anselmi também: andamos a brincar...
O que aconteceu entre Bruno Lage e Kokçu no jogo com o Auckland City bem pode ser desvalorizado pelo treinador como revelador da «vontade de ganhar» do médio turco, mas o mundo estava a ver. Não literalmente, a avaliar pelas bancadas vazias, mas convém não esquecer que, mesmo frente a amadores, o Benfica está num Mundial de Clubes e não dá para brincar com a marca lá fora.
Dentro de campo, foi cumprida a obrigação de golear os neozelandeses, depois de um empate mais emocional do que racional com o Boca Juniors, mas os encarnados não estão hoje mais tranquilos ou galvanizados do que estavam quando saíram derrotados do Jamor. O momento de tensão entre técnico e jogador mostra que fora das quatro linhas também não haverá grandes razões para ter esperança.
Que Kokçu tem uma grande «vontade de ganhar» já o sabíamos desde que furou a comunicação do clube para criticar Roger Schmidt, reclamando para si um estatuto que os adeptos benfiquistas não reconheciam (nem reconhecem...). Começar este show por ser substituído numa partida com o Auckland City só ajuda a formar a ideia de que Kokçu não tem noção que a equipa está acima do seu ego. Se Lage e outros o quiserem desculpar com a «vontade de ganhar» só o tempo dirá se foi uma boa decisão, mas, no meu entender, «vontade de ganhar» foi o que Otamendi fez frente ao Boca Juniors, e devia ser muito bem distinguida de birras.
No entanto, a análise deste caso não poderá ficar pelo turco. Após o golo de Renato Sanches, foi visível que o treinador reagiu para o banco. A mão à frente da boca impede que possamos avaliar o que foi dito, mas ficou muito claro o que Lage fez. Os dedos estendidos um ao outro são uma imagem muito forte que vai ficar deste Mundial de Clubes. Também poderemos opinar que o técnico estava com muita «vontade de ganhar», mas, sem brincadeiras, duvido que seja essa a imagem que o Benfica está a passar neste momento.
Já o FC Porto bateu num novo fundo frente ao Inter Miami. O respeito internacional conquistado em décadas foi transformado em gozo num instante. Cinco meses após a chegada de Anselmi, não há nada de melhor na equipa - pelo contrário. Faltam jogadores, é óbvio, mas faltam ainda mais provas de que há ali uma ideia vencedora. A crença de Villas-Boas no argentino já chegou muito mais longe do que o futebol está a mostrar e o Al Ahly é só a ameaça que se segue. São João, São João, dá cá um balão para eu brincar...