Palmeiras, de Abel Ferreira, é o primeiro adversário do FC Porto no Mundial de Clubes - Foto: IMAGO

Cimeira lusófona em Nova Jérsia

JAM sessions é o espaço de opinião de João Almeida Moreira, jornalista e correspondente de A BOLA no Brasil

Antes de chocar a América do Sul ao bater o Boca Juniors nos penáltis na final da Taça dos Libertadores de 2004, os colombianos do Once Caldas já tinham surpreendido ao derrotar nas meias-finais o São Paulo, com golo no último minuto.

Esse golo, de Jorge Agudelo, atacante suspenso por cocaína um mês depois, ajudou a impedir, portanto, que, na última edição da Taça Intercontinental, um clube brasileiro se cruzasse com o então campeão europeu FC Porto, que ganharia por penáltis no Japão.

Por isso, o duelo com o Palmeiras, amanhã, em Nova Jérsia, para o Mundial de Clubes, será o primeiro encontro oficial dos dragões, que em 1987 venceram o Peñarol com inesquecível golo sobre a neve de Madjer noutra Intercontinental, frente a clubes brasileiros.

E o segundo entre portugueses e brasileiros, se considerarmos os duelos de 1962 entre o extraordinário Benfica de Eusébio e o ainda mais extraordinário Santos de Pelé, na terceira edição da Intercontinental, duplamente favorável ao peixe, por 3-2 na Vila Belmiro e por 5-2 na Luz.

Ou terceiro, porque em 1951, fora a vez do temido Sporting dos violinos ser goleado no Maracanã pelo ainda mais temido expresso da vitória do Vasco da Gama, por 5-1, na Copa Rio, que a FIFA chegou a equiparar ao Mundial de Clubes, para alegria do campeão Palmeiras, mas depois voltou atrás, para gozo dos rivais paulistas do verdão, o Santos, o São Paulo e o Corinthians, todos já campeões do mundo.

Ao longo de décadas, centenas de craques, alguns treinadores e até dirigentes brasileiros desembarcaram em Portugal. Só nos últimos anos, foi a vez de o Brasil descobrir a competência dos profissionais portugueses. Por isso, nunca os países estiveram tão próximos no futebol — e nunca um duelo entre dois gigantes dos dois lados do oceano como este FC Porto-Palmeiras despertou tanta curiosidade.

Com a (suposta) autoridade de quem nasceu num desses lados há mais de 50 anos e vive no outro há mais de 14, o autor desta coluna aposta numa vitória do clube treinado por um europeu sobre o clube treinado por um sul-americano. Isto é, do Palmeiras de Abel Ferreira sobre o FC Porto de Martín Anselmi.

Sim, segundo o Transfermarkt, o valor de mercado dos dragões (graças a Samu, Mora ou Diogo Costa…) supera o dos alviverdes (apesar de Estevão e Vítor Roque). Mas o futebol ainda não é só dinheiro: o Palmeiras é produto de um trabalho sólido e longevo; o FC Porto está em construção. Mas mais do que isso, os dragões encaram a prova como, digamos, uma curiosidade; já o verdão vê-a como uma absoluta prioridade — até para acabar com o gozo dos rivais.

Sugestão de vídeo: