Chegou o tempo de fazer: a hora da política no Desporto
Desporto escolar é uma das chaves do futuro. FOTO HÉLDER SANTOS/ILHAPRESS

Chegou o tempo de fazer: a hora da política no Desporto

OPINIÃO14.02.202409:30

Em véspera de eleições, o Desporto Escolar, a continuidade territorial e a competitividade internacional são prioridades absolutas

O delicioso primeiro lugar de Diogo Ribeiro nos 50 metros mariposa dos Mundiais de natação volta a colocar em cima da mesa a urgência de cuidar do Desporto em Portugal. Algo tem sido feito, por certo, dado que atualmente o País obtém resultados em disciplinas técnicas que há quatro ou cinco décadas eram território tabu, restando-nos o consolo de um brilharete ou outro no futebol e de altos brilhos nas corridas de fundo e meio fundo.

Presidente da República e primeiro-ministro felicitaram o nadador português, como é de bom tom. Não me parece sequer que se trate de hipocrisia, como por vezes se quer fazer crer.

Aproveite-se, porém, esta atenção dos políticos para, a menos de um mês de eleições legislativas, lhes exigir ação para lá das vagas propostas eleitorais.

O Desporto de alto rendimento é apenas o topo de uma pirâmide que devia ter uma base muito larga. Só que não tem: Portugal está na cauda dos países europeus em matéria de prática desportiva por parte dos seus cidadãos. O Instituto Português do Desporto e da Juventude tem inscrito como desígnio colocar o País no top-15 deste indicador até 2030. O programa eleitoral do PS, aliás, refere esse ponto.

Os programas eleitorais dos partidos com assento parlamentar (mais CDS/PP e PPM, que entram na AD) dedicam pouco espaço ao desporto. Nada de novo. Um deles — mais precisamente o do Livre — nada refere.

Há assuntos comuns a todos, o que se torna fácil quando se apontam generalidades: alteração da Lei de Bases, fomento do Desporto Escolar, estatuto do dirigente benévolo (referido insistentemente pelo prof. José Manuel Meirim em recente entrevista ao nosso jornal), unidades de alto rendimento, combate à violência, necessidade de inclusão e igualdade de género. O Chega, sem surpresa, mostra-se mais preocupado em não deixar atletas transgénero competir do que com a inclusão. Nada de novo.

Além da vontade de chegar ao top-15 de atividade desportiva referido pelo PS, há muito poucas outras métricas vertidas em programa eleitoral: apenas o Bloco de Esquerda estabelece à partida metas mensuráveis, como a de uma determinada dotação orçamental para o Desporto.

Tudo o resto, repete-se, são generalidades fáceis de escrever e prometer.

Exige-se, porém, que o tempo seja de ação. O Comité Olímpico de Portugal, em ano de Jogos, já deixou uma boa bateria de propostas para o futuro Governo avaliar, conforme escreveram há dias Vítor Serpa e José Manuel Delgado (trabalho disponível em abola.pt).

Em breve, nas páginas de A BOLA e no site, escalpelizaremos melhor os programas dos partidos concorrentes às Legislativas de 10 de março.

Com o Desporto Escolar, a continuidade territorial e a competitividade internacional no centro de todas as preocupações, urge encontrar uma estratégia.