A propósito das chicotadas psicológicas

OPINIÃO13.05.201904:00

CONCLUÍDA a 33.ª jornada da edição 2018/2019 da Liga, o Benfica precisa de somar um ponto, na derradeira ronda, frente ao Santa Clara, para se sagrar, pela 37.ª vez, campeão nacional. Embora nada, no futebol, seja absolutamente garantido - basta lembrar as loucas meias-finais da Liga dos Campeões - é público e notório que os encarnados têm pela frente uma tarefa dentro das suas possibilidades para regressarem ao Marquês no próximo domingo.

Talvez seja interessante, neste momento, recuperando o excelente texto de Bagão Félix, lembrar por onde andava a equipa do Benfica a 6 de janeiro, dia da estreia de Bruno Lage: a turma da Luz era quarta classificada, um ponto atrás do SC Braga, a dois do Sporting e a sete do FC Porto. Hoje, 18 jornadas volvidas, constata-se que, no consulado de Bruno Lage, o Benfica derrotou o FC Porto no Dragão, o Sporting em Alvalade e o SC Braga na pedreira, e ganhou a cada um destes clubes, respetivamente, 9, 12 e 21 pontos.

Trata-se de uma recuperação extraordinária, a que correspondem números fantásticos: desde a chegada de Lage, o Benfica marcou 58 golos e sofreu 15 (+43), o FC Porto faturou 41 e deixou marcar 10 (+31), o Sporting fez 39 e sofreu 15 (+24) e o SC Braga só conseguiu 24, tendo concedido 21 (+3). Se o Benfica não perder no domingo com o Santa Clara, esta será uma das chicotadas psicológicas com maior sucesso na história do futebol português, quiçá comparável ao êxito que foi a entrada de Rui Vitória no Al Nassr da Arábia Saudita, que estava a sete pontos do primeiro, o Al Hilal, de onde iria sair pouco depois Jorge Jesus, e está agora a um triunfo caseiro, frente a um dos últimos, de se sagrar campeão, com o jogo decisivo marcado para a próxima quinta-feira.

Assim, quando Luís Filipe Vieira promoveu a troca de Bruno Lage por Rui Vitória, criou condições para a felicidade tanto de quem entrou, como de quem saiu.

Por princípio, os contratos são para levar até ao fim. Mas há momentos, na vida de uma equipa de futebol, em que deve ser feita uma leitura correta dos prós e contras e, por vezes, a melhor solução é mesmo mudar de treinador.
Os próximos dias dir-nos-ão se, na verdade, assistimos este ano à melhor chicotada psicológica de sempre. Se assim for, fica a ideia para um Benfica-Al Nassr, no defeso, para a Eusébio Cup...