Tragédia em Liverpool: 47 feridos, dois deles em estado grave
A parada do Liverpool de celebração da conquista do 20.º título de campeão inglês transformou-se de festa em tragédia, ao final da tarde desta segunda-feira, com um homem de 53 anos a atropelar dezenas de adeptos na rua Water, pelas 18 horas, cerca de dez minutos depois do autocarro que transportava os jogadores e o troféu ter passado, segundo relato de testemunhas no local.
Ao final da noite de segunda-feira, a polícia, os serviços de emergência médica e os bombeiros deram pormenores do sucedido em conferência de imprensa conjunta. Segundo as autoridades, houve 47 feridos — 20 foram tratados no local e 27, entre os quais quatro crianças, foram transportados para hospitais nas imediações. Um adulto e uma criança ficaram feridos com gravidade e, de acordo com os bombeiros, quatro dos feridos ficaram presos debaixo do carro.
Um homem de 53 anos, de nacionalidade britânica, branco e da zona de Liverpool, foi detido, com a polícia a identificá-lo como presumível condutor do veículo. As motivações para o ataque não são conhecidas, mas a polícia garantiu que não está a tratar o caso como sendo de terrorismo.
Vários vídeos mostram o carro a bater em adeptos que se encontravam na rua, enquanto outros o perseguiam, partindo janelas e atirando-lhe coisas na tentativa de travá-lo. De acordo com uma testemunha, citada pela BBC, o carro chegou a atingir velocidade de 30 quilómetros por hora, numa rua que, na altura, ainda se encontrava cortada ao trânsito e cheia de pessoas.
«Nunca vou esquecer o ruído de pessoas a serem atingidas e nunca vou esquecer o ar dum polícia com o uniforme coberto de sangue. Meu deus, o que ele deve ter visto...», contou Mark Leavy, adepto red da Irlanda do Norte, ao Daily Mail.
Ao mesmo jornal, Chris Jones, de Wirral, contou ter visto o carro a tentar entrar na rua Water, já com fãs em fúria à volta dele: «O condutor estava a tentar forçar a passagem e havia adeptos a bater nas janelas, a gritar com ele por estar a seguir o caminho errado. Devia estar tudo cortado, por isso ele terá passado por algumas barreiras. Depois começou a fazer marcha-atrás, mas logo acelerou, a apitar [presumivelmente para que as pessoas se desviassem].»
O incidente aconteceu já perto do final da parada do Liverpool, a pouco mais de um quilómetro do último ponto da celebração.
O final da festa, que previa um jantar do staff dos reds, acabou por ser adiado devido à tragédia.
500 mil em 16 quilómetros
Ainda que sem vítimas mortais, pelo menos para já, o ataque ensombrou uma tarde de festa e de comunhão da equipa com os adeptos. No título anterior, em 2020 (que tinha sido o primeiro em 30 anos), não houve parada, por ter coincidido com o auge da pandemia de Covid-19. Tinha havido, sim, celebração em 2019, após a conquista da Liga dos Campeões.
Mais de 500 mil pessoas terão saudado ontem o autocarro que transportava os jogadores, durante o percurso de 16 quilómetros por Liverpool. «Já ganhei umas coisas durante a minha carreira e foi fantástico, mas isto? Isto é incomparável», afirmou o treinador Arne Slot à televisão do clube, ainda durante a parada, antes do acidente. «Olho para a multidão, novos, velhos, para os olhos deles, e consigo ver tudo. Dizem que é espiritual e concordo.»