Ioannidis, aqui pressionado por Henrique Silva, marcou de cabeça o golo da vitória leonina aos 97' - Foto: EDUARDO COSTA/LUSA
Ioannidis, aqui pressionado por Henrique Silva, marcou de cabeça o golo da vitória leonina aos 97' - Foto: EDUARDO COSTA/LUSA

Sporting recandidata-se ao Jamor com missão... comprida e muita polémica

Aos 90’ tudo levava a crer na passagem açoriana aos quartos mas duvidoso penálti que demorou 14 minutos (!) a ser marcado recolocou um Sporting desinspirado numa luta que parecia perdida. Houve sempre mais atitude nos da casa, a ganhar os duelos, e só no prolongamento, já com o Santa Clara reduzido a dez, Ioannidis deu forma à vitória leonina

Uma espécie de déjà vu. Tal como no jogo do campeonato, a história deste jogo da Taça de Portugal tem de começar a ser contada pelo fim. O mesmo estádio, as mesmas equipas, a mesma polémica e confusão, o mesmo vencedor e as mesmas críticas dos derrotados para com a arbitragem. Desta vez não foi um canto mal assinalado que deu a vitória ao Sporting, antes um penálti também muito polémico que deu a possibilidade de empate que levou o jogo a prolongamento, já com o Santa Clara reduzido a dez e com as portas da passagem aos quartos abertas para o leão.

A missão do Sporting não foi só cumprida, foi também comprida com o 2-2 aos 90+15’, depois de cerca de 11 minutos (!) para o VAR conseguir avisar João Pinheiro da possibilidade de penálti por mão de Tiago Duarte na cara de Hjulmand (90+1’), e com o 3-2 de Ioannidis já na compensação (97’). Mais um jogo que vai ainda dar muito que falar mas que no final das contas assinalou a entrega da recandidatura leonina à presença no Jamor. Entrega que faltou aos leões durante quase todo o jogo e que esteve sempre muito mais nas pernas dos açorianos, traídos mais uma vez perto do fim e depois sem forças para o prolongamento.  

Muitas mudanças

Uns por obrigação, outros por opção, Rui Borges mudou mais de meia equipa relativamente ao onze que iniciou a goleada com o Aves SAD (6-0) no sábado. Obrigado a mudar no centro da defesa, Diomande por Eduardo Quaresma, e na ala direita, Geny Catamo por Maxi, porque o marfinense e o moçambicano já estão ao serviço das seleções que vão jogar a CAN, o treinador optou ainda por trocar os guarda-redes, Rui Silva por João Virgínia; os laterais-direitos, Vagiannidis por Fresneda; os laterais-esquerdos, Mangas por Matheus Reis; o miolo, Kochorashvili a devolver o lugar a Hjulmand e Morita, com gripe, a dar a titularidade a João Simões.

No desenho tático do 4x2x3x1 de assinatura Rui Borges, a maior surpresa foi a escolha de Maxi Araújo para a direita, onde nunca tinha aparecido ainda, com Alisson a assumir o lado contrário, que as lesões e as requisições para a CAN implicam nesta altura muita ginástica ao treinador do leão.

Esperava Rui Borges apanhar pela frente um Santa Clara intenso e agressivo, mesmo também apesar das sete mudanças no onze açoriano. E foi isso que o técnico leonino constatou logo nos primeiros 5’, com dois avisos: remates de Gabriel Silva (2’) e Lucas Soares (4’) a colocarem à prova João Virgínia. Estava feito o aviso.

O Sporting mostrava dificuldades para furar a barreira defensiva do Santa Clara, com Vasco Matos a transformar o 3x4x3 num 5x4x1 a defender e a fechar a área que que só aos 12’ foi furada com o golo de João Simões — exímia execução do jovem craque (recebeu com o pé direito, rodopiou e rematou sem hipóteses com o esquerdo) servido por Fresneda, depois de jogada pela direita construída por Maxi e Trincão. Mas o golo leonino, que poderia fazer a equipa assentar, foi a exceção que não se traduziu no domínio do jogo, nem no discernimento do jogo associativo que é imagem de marca do leão…

Os açorianos eram fortes nos duelos e com isso conseguiam até, a espaços, ter ascendente para trocar a bola e quando em profundidade com perigo: foi assim que aos 28’ Lucas Soares ganhou sobre Matheus Reis, avançou para zona central e de longe rematou de pé esquerdo fora do alcance de Virgínia. O empate ao intervalo traduzia as dificuldades dos leões numa primeira parte onde além do golo não criaram outro lance de perigo…

A missão leonina estava difícil e depois de entrada forte na segunda parte — Alisson, Maxi e Luis Suárez (47’, 52’ e 54’) — não aproveitada, virou quase impossível quando aos 86’ Gabriel Silva, assistido por Luquinhas numa jogada rápida e exímia de transição, fez o 2-1 e parecia sentenciar o jogo.

Parecia o fim da história, porque até lá o Sporting tinha continuado a perder os duelos (não só a meio-campo), a ser menos agressivo e com isso a não incomodar Neneca. Nem mesmo quando Rui Borges lançou Ionnidis para o lugar de Alisson; quando Blopa entrou para a direita e Kochoirashvili refrescou João Simões.

O prolongamento

Foi já com Mangas e Flávio Gonçalves na esquerda leonina mas sem Paulo Victor no lado açoriano (expulso), que se deu o caso da partida e o já referido polémico penálti transformado por Luis Suárez que recolocou o leão em jogo e em vantagem clara para encarar mais 30 minutos. Ficava menos difícil e Ioannidis deu forma, de cabeça, ao que se adivinha: a vitória do Sporting.

Mas adivinha-se agora também muita tinta a correr sobre este lance e saída de cena do Santa Clara com um claro amargo de boca… Merecia mais esta equipa açoriana, esteve muitos furos abaixo este Sporting que viu a passagem cair do céu (e com muita polémica à mistura…).