Real Madrid: garrafas e material médico pelo ar, Xabi fora do balneário e chicotada... adiada
O Real Madrid, adversário do Benfica na UEFA Champions League, atravessa uma das fases mais conturbadas dos últimos anos, combinando resultados dececionantes em LaLiga com um crescente conflito interno que expõe fragilidades estruturais no projeto liderado por Xabi Alonso. A derrota por 0-2 diante do Celta, no Santiago Bernabéu, descrita pelo As como um revés que afasta os merengues para quatro pontos do líder Barcelona e confirma a perda de seis dos últimos 15 pontos, foi apenas o capítulo mais recente de uma crise que já vinha a germinar.
O jogo terminou com um cenário caótico: três expulsões — Fran García, Álvaro Carreras e Endrick — e um balneário em ebulição, com garrafas e material médico arremessados, segundo relatou o mesmo jornal. Xabi Alonso, derrotado e isolado, nem chegou a entrar no balneário após o apito final, adiando a conversa com o grupo para o treino seguinte.
No entanto, os problemas vão muito além do resultado e do descontrolo emocional. Como detalha o também diário Marca, tudo começou a ruir no dia em que Vinícius Júnior explodiu publicamente ao ser substituído no El Clásico. A partir desse momento, o clube decidiu não intervir e deixou nas mãos do treinador a gestão do caso — uma ausência de apoio institucional que fragilizou Xabi Alonso e marcou o início do desmoronar da autoridade que o tinha conduzido a 13 vitórias nos primeiros 14 jogos da época. Esse arranque, sustentado por uma ideia de futebol coletiva, intensa e apoiada na pressão alta, representava a promessa de um Real Madrid mais moderno e reconhecível, inspirado em modelos como o do Arsenal de Arteta.
Xabi Alonso chegara ao clube com um plano claro: construir uma equipa solidária e vertical, assente na figura de Kylian Mbappé, rodeado de jogadores disponíveis para correr e pressionar. Para isso, rompeu com hierarquias históricas e afrontou nomes de peso. Vinícius e Bellingham foram submetidos a exigências defensivas inéditas e, no caso do brasileiro, a várias idas ao banco. Em contrapartida, jovens como Mastantuono, Arda Guler ou Brahim ganharam espaço pela capacidade de execução tática e compromisso coletivo. O Real Madrid tornara-se sólido, competitivo e disciplinado — mesmo sem brilho — e tudo parecia alinhado com o projeto.
Entretanto, a resistência interna crescia. Como noticiou a Marca, vários jogadores importantes começaram a contestar a carga tática, o excesso de vídeo e a rigidez metodológica do treinador. Instalou-se uma guerra fria. Vinícius tornou-se o rosto visível da insatisfação e, quando explodiu no clássico com o Barcelona, o silêncio do clube — sem qualquer punição — deixou Xabi exposto, isolado e, na prática, sem capacidade de impor o seu modelo. A partir daí, o desgaste tornou-se evidente: o Real Madrid deixou de pressionar como antes, os jovens desapareceram do onze e as estrelas voltaram a ser intocáveis. Xabi Alonso passou de construtor de ideias a gestor de egos, precisamente o papel que não queria desempenhar.
A derrota contra o Celta, descrita pelo As como um episódio de «raiva e frustração» dentro do balneário, expôs a fratura. Houve jogadores que culparam o árbitro pelas expulsões, mas um dos líderes do plantel reagiu com dureza: «Isso é uma desculpa de m****. A Liga estamos a perdê-la nós.» É o retrato de um grupo dividido, de um treinador que perdeu apoio e de um projeto que se desfez à vista de todos.
Hoje, como conclui a Marca, o Real Madrid voltou a ser uma equipa sem identidade, longe do ideal que Xabi Alonso procurou implementar. O técnico basco, que chegou para transformar o balneário e impor um modelo moderno, encontra-se agora preso entre as suas convicções e o peso de um vestiário poderoso, que venceu a batalha interna. Com o Manchester City de Guardiola à porta e uma lista de lesões que afeta toda a linha defensiva, o clube enfrenta um final de ano carregado de dúvidas — e com o seu projeto mais frágil do que nunca.
O El Mundo avança que os principais responsáveis do emblema merengue reuniram-se de urgência pela noite dentro para decidir o futuro do treinador contratado no verão ao Bayer Leverkusen. O jornal escreve que na reunião, que durou até depois da uma da manhã, a demissão do treinador esteve em cima da mesa da forma mais clara e direta da temporada», mas, apesar de opiniões divergentes, acabou por prevalecer a decisão de manter o técnico. Acrescenta ainda o Real Madrid já está de olho em possíveis substitutos e, entre os favoritos, estão os nomes de Zinedine Zidane e Jürgen Klopp.
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