«Perfil de Gyokeres não é fácil de encontrar»
- Saiu do Gil Vicente no final de 2022/20223 e só votou a trabalhar em novembro de 2023 no Arouca. Novamente um trabalho complicado. Não teve medo?
- Mais uma vez, fiz uma análise fria à realidade e olhei para o plantel e para os jogadores disponíveis para perceber se a qualidade estava lá ou não. E, para mim, a posição na tabela não refletia a qualidade dos jogadores do Arouca. Perguntou-me se eu tinha algum medo, mas o presidente também podia ter medo de apostar em mim naquele momento.
- Elimina o Boavista da Taça e depois vai ganhar ao Bessa por 4-0. Impossível começar melhor…
- É sempre importante ganhar, seja contra quem for, seja onde for, seja quando for. Porque a gestão psicológica fica facilitada se houver bons resultados. No final de contas, os resultados são como o algodão. Não enganam.
- Termina em sétimo no Arouca. É o seu melhor trabalho até agora?
- Um dos motivos pelo quais não falo muito tem a ver com a forma como quero ser publicitado. Não é por arrogância. Quero ser publicitado através dos jogadores, porque a minha missão no futebol é ajudar os jogadores a renderem e a elevarem a performance.
- No Gil e no Arouca ajudou a monetizar, digamos assim, jogadores que foram vendidos sensivelmente por 30 milhões de euros. Também é importante?
- Talvez seja uma pergunta que deve colocar a um Presidente porque, obviamente, não é essa a minha tarefa. A competência de um treinador é pôr a equipa a jogar de forma que se valorize e que seja do agrado dos adeptos, porque é para eles que se joga. As equipas são dos adeptos, mas claro que é importante valorizar ativos porque os clubes, sobretudo em Portugal, vivem da compra e venda dos jogadores.
- O Daniel treinou dois avançados muito importantes no Gil Vicente e no Arouca: Mujica e Fran Navarro. Foram os que mais o preencheram?
- O Fran e o Mujica têm características de ponta de lança bastante particulares. Há jogadores que gostam de jogar de costas e de segurar mais a bola e o Fran e o Mujica são jogadores que correm muito. Li uma entrevista do Pastore, em que ele dizia que podia meter uma bola à profundidade que sabia que o Cavani ia aparecer, porque ele fazia 20 corridas à profundidade. Ou seja, sabe que, metendo essa bola, ele vai recebê-la. E tive essa sensação sempre com o Rafa e com o Navarro. O Gyokeres, por exemplo, também faz um bocadinho o mesmo. Estica muito a equipa, o que é extremamente importante, quer para criar oportunidades de golo para o Sporting, quer para criar jogo para jogar por dentro, para ter mais bola e mais espaço para se jogar. Este tipo de perfil de ponta de lança não é muito fácil de encontrar. Não é fácil fazer cinco corridas, a bola nunca entrar e o avançado continuar a tentar.