SOCORRO-ME deste título de um livro de Reverte pois o livro é admirável e porque parte central da história que ele conta ocorre em Buenos Aires, Argentina. Não tem, em todo o caso, tanto a ver com o que vou escrever de seguida, somente não encontrei título melhor.

O que se passa é que hoje - ontem estava de chuva - se disputa um dos mais incríveis jogos da história do futebol: a primeira mão da final da Libertadores, entre Boca Juniors e River Plate, na Bombonera. É dispensável estar a minuciar a dimensão da rivalidade entre estes gigantes, pelo que que convido só a duas rápidas notinhas de rodapé: primeiro, será a última Libertadores com final a duas mãos e, assim sendo, poderá ser também a última na Bombonera, que por falta de condições dificilmente será escolhida como palco neutro no futuro. Os adeptos do Boca, inclusivamente, estão a viver aperto com a falta de segurança e capacidade do lendário palco. A Direção, perante os entraves dos adeptos à criação de novo estádio noutro bairro (que ultraje!), anda desesperadamente a tentar comprar prédios à volta a fim de ganhar área para projetos arquitetónicos de remodelação. Tal como está, não há espaço - por alguma razão uma das bancadas parece a fachada de um edifício - e ninguém quer alienar património. Pelo que se percebe, entre os donos dos prédios haverá adeptos do River. É a paixão pelo imobiliário...


Uma outra nota deste jogo é o preço: há bilhetes na candonga a 180 mil pesos, 4500 euros. Sabendo-se que o salário médio na Argentina equivale a 480 euros e em Portugal é de 887 isto seria como pagar 8250 euros para um jogo de final da Champions a duas mãos entre Benfica e Sporting. Quanto pagaria o leitor por esse fado da velha guarda?