O incómodo
Acha que não merecemos vencer? Se pergunta assim, acho que fica clara a sua opinião. Provavelmente é do Sporting ou do Porto, não sei. O que vi foi uma equipa que jogou bom futebol, acreditou até ao último segundo e mereceu ganhar.
ROGER SCHMIDT, TREINADOR DO BENFICA, A SEGUIR AO DÉRBI COM O SPORTING
Roger Schmidt ficou aparentemente incomodado, a seguir ao dérbi, com um jornalista da RTP, que lhe perguntou se o resultado tinha sido melhor que a exibição.
É uma pergunta legítima. Depois de 35 minutos a jogar em superioridade numérica, só na compensação o Benfica fez dois golos e conseguiu vencer.
Também é legítimo Roger Schmidt não responder. Ou não concordar. Pode perfeitamente dizer, como disse, que o Benfica jogou «bom futebol». É mau sinal que o faça, porque isso quer dizer que os padrões de «bom futebol» do alemão andam muito por baixo, mas enfim, é um problema dele, da SAD e dos benfiquistas…
O que já não é legítimo é questionar a isenção ou independência do jornalista relacionando-a com o potencial clube de que seja adepto.
Ponto prévio: quase todos os jornalistas são adeptos de um clube. Antes de serem jornalistas foram miúdos, jogaram à bola, viram jogos. Depois cresceram, começaram a trabalhar, a escrever, a falar sobre desporto, alguns perderam essa ligação apaixonada, outros mantiveram-na.
Mas sugerir, que é o que Schmidt fez, que há opiniões e perguntas condicionadas por se ser adepto de um clube é não só errado como também perigoso. Descredibiliza, injustamente, quem só quer servir o público. E já agora, senhor Schmidt, saiba que os adeptos do seu clube, jornalistas (sem relação com as perguntas que lhe fazem) ou não, serão sempre mais críticos com a qualidade das exibições da sua equipa que quaisquer outros.