Florentino em luta com Enzo Fernández no meio-campo
Florentino em luta com Enzo Fernández no Benfica-Chelsea (Miguel Nunes)

O Benfica dos Estados Unidos será mesmo o do futuro?

Os encarnados não saem melhor ou mais completos dos EUA. Bruno Lage continua a apostar mais na estratégia do que no 'processo' e os encarnados continuam longe de crescer e jogar como os grandes

A pergunta que deixo no ar depois da participação do Benfica no Mundial de Clubes, que no limite cumpriu com os mínimos, o tal passar a fase de grupos, é a seguinte: ficaram os encarnados mais próximos da equipa que se espera ver em campo, na maior parte dos jogos, no próximo ano?

Claro que os adeptos pensam sobretudo em vencer e viram argumentos que podem surpreender rivais fortes como aconteceu com o Bayern agora ou com Atl. Madrid e Juventus na última Liga dos Campeões, porém haverá casos, como já houve, em que os mesmos não são suficientes. Não há fórmula que sirva para todos os adversários, sobretudo quando a principal estratégia é estacionar um autocarro, com mais ou menos andares, aproveitar erro alheio e surpreender na transição. Diante dos bávaros, que até rodaram bastante o onze, o condutor do veículo foi um Trubin em versão herói, recusando inclusive duplo para as cenas mais perigosas. O ucraniano gostou tanto do papel que ameaçou repetir a façanha diante dos blues, todavia acabou por ficar ligado aos dois primeiros golos ingleses.

O fato costurado por Lage não serviu na mesma medida a Bayern e Chelsea, ainda que não se possam esquecer os momentos de felicidade vivida diante dos alemães. Porque o Benfica é o mesmo, tem problemas identificados há muito. Se os encarnados conseguiram sair algumas vezes com a bola controlada diante dos germânicos, tendo sido fatais talvez na primeira, houve um Chelsea musculado a estrangular o meio-campo das águias. Não sabendo jogar sob pressão, não sabendo associar-se com qualidade em pouco espaço disponível — o que se notou no ataque posicional tantas vezes nas últimas épocas — Enzo Maresca montou teia fortíssima, formada por Caicedo, Lavia e Enzo, igualando em número o trio das águias, e superiorizando-se pela dimensão física muito superior. Os portugueses defenderam apenas até sofrerem o golo malandro de Reece James e atacaram depois, já em desespero. Uma mão de Malo Gusto parecia garantir o milagre, porém apenas adiou o adeus.

O Benfica que se apresentou nos Estados Unidos continua a ser um grande que não se quer afirmar como tal entre os maiores e depois também tem dificuldade para fazê-lo com os mais pequenos. Há muito a trabalhar no processo, peças que faltam e um treinador pouco virado para querer controlar os jogos com bola. Os encarnados ganharam apenas uns milhões e um novo António Silva.