Mundial: «Basta dar espaço a Pogacar e não atrapalhar»
A poucos dias do Mundial de fundo em Kigali, Primoz Roglic deixou escapar aquilo que muitos já suspeitavam: a Eslovénia vai girar em torno de Tadej Pogacar. Numa entrevista ao 24ur.com, o veterano esloveno admitiu, sem rodeios, que a prioridade é oferecer ao campeão em título a liberdade necessária para tentar repetir o feito.
«A corrida será certamente muito exigente, mas com a forma como o Tadej tem voado ultimamente, só precisamos de lhe dar espaço e não o atrapalhar», afirmou o vencedor de quatro Vueltas e um Giro. E acrescentou, realista: «Para o resto da equipa, chegar à meta será um grande desafio».
A seleção eslovena chega a Kigali com um luxo raro no pelotão: nove nomes de peso, entre eles Roglic, Pogacar, Matej Mohoric e Luka Mezgec. Mas gerir dois galácticos não é tarefa simples. O selecionador Uros Murn já deixou claro que Pogacar é a grande aposta, e antigos vencedores da Vuelta, como Chris Horner, defendem que a coliderança não funciona em Mundiais.
Roglic, por tradição avesso a hierarquias declaradas, desta vez deu sinais de aceitar o papel secundário. Depois de um período de recuperação pós-Tour e de treinos em altitude na Serra Nevada, regressa agora focado no Mundial: «Não estava na melhor forma depois do Tour. Precisava de tempo para recuperar e recompor-me. Agora estou de volta ao ativo, a preparar-me para o Mundial de fundo».
Com o humor seco que lhe é característico, relativizou os riscos de correr em África: «Vou passar apenas três noites no Ruanda, o que significa um risco mínimo. Preciso de estar lá e dar o meu melhor, por mim e pela seleção. Já falei com pessoas em Kigali – parecem saudáveis, normais e até têm internet», ironizou.
O percurso de 267,5 quilómetros, repleto de subidas duras, favorece Pogacar e promete espetáculo. Roglic prefere não arriscar previsões, mas deixa uma certeza: «É um grande desafio – e eu gosto de desafios. A estrada mostra sempre quem é o mais forte».