Mundial Andebol: Iturriza dança, mas só há festa quando estão todos juntos

Pivot do FC Porto saiu de Cuba há 10 anos e agora chegou ao topo do Mundo, tendo sido escolhido para o All Star do Mundial. Mas, para o atleta de 34 anos, este prémio não é individual.

O capitão Rui Silva divertido jurou que é um pé de chumbo e deixou nas mãos do companheiro do FC Porto habilidades artísticas diferentes das que mostraram nos pavilhões nas últimas duas semanas. Iturriza sorriu, sob o olhar atento e igualmente sorridente de António Areia.

O pivot, que nasceu em Havana há 34 anos, trocou a capital cubana por Portugal há 10 anos, para jogar no Avanca, durante duas épocas, antes de rumar aos dragões. Com dupla nacionalidade, atingiu um dos momentos altos da carreira no Mundial da Noruega, quando foi escolhido para o All Star. Sorri, mas rapidamente distribui jogo.

Victor Iturriza

«O prémio [presença no sete ideal] é de todos. Temos plena noção de que somos uma equipa, jogamos em equipa, jogamos um pelo outro e não há título individual que não seja mérito da equipa toda, do trabalho diário que fazemos na Seleção, a maior parte das bolinhas que eu tenho vêm da mãozinha do Rui e ele sabe que eu estou sempre muito grato, temos uma relação ótima, incrível e isso reflete-se no campo», contou Iturriza, em visita à redação de A BOLA. «Não há um minuto em que não sinta o apoio de um colega. Se estamos numa fase menos boa, sentimos sempre a boa energia a vir do lado, do banco. Claro que fiquei contente com o prémio porque é um reconhecimento do esforço que fazemos de estarmos tanto tempo sem ir a casa, com uma dedicação extrema», disse.

«Acho que o momento que eu levo do Mundial foi o nosso jogo com a Alemanha. Foi um jogo em que mostrámos a resiliência que tem este grupo, a vontade, a garra, mesmo com muitos problemas que tivemos de enfrentar. Nesse jogo, o Frade foi expulso, para nós, injustamente, e nesse momento mostramos a verdadeira alma da equipa portuguesa. Não estamos nunca de braços no chão, nunca. Demos o que tínhamos e o que não tínhamos. Fomos buscar força a todos os lados. E fomos, no fim, recompensados com a vitória», contou emocionado. 

«Esta equipa merece ser feliz. Levámos muito tempo atrás disto, de poder dar este passo grande para a modalidade. Acho que conseguimos neste Mundial e agora é continuar o trabalho e continuar a ter gente a apoiar a modalidade. Não é só hoje dar-nos os parabéns, tirarem fotos, mas olhar para a modalidade, para o futuro da modalidade», rematou.