Treinador dos turcos foi bastante claro sobre as palavras de Hamdi Akin, vice-presidente do clube, em relação ao jogo com o Benfica

Mourinho deixa Fenerbahçe: muitas polémicas num ano recheado

Treinador português criticou árbitros, adversários e até o próprio clube

Anunciado a 1 de junho de 2024 como novo treinador do Fenerbahçe, após vários meses sem clube, José Mourinho foi recebido com grande entusiasmo em Istambul. Pouco mais de um ano depois, sai sem ganhar qualquer troféu, e apenas dois dias após falhar entrada na UEFA Champions League, eliminado em Lisboa pelo Benfica.

Ao longo de pouco mais de um ano, foi sempre fiel a si próprio e acumulou polémicas em várias frentes, desde arbitragens, adversários, até ao próprio clube.

«Cheira mal»

Assumiu desde cedo que jogava contra «um sistema», ideia que verbalizou logo no início de novembro – depois de bater o Trabzonspor (3-2), referindo que «ninguém quer ver a liga turca». «Não via jogos do Fenerbahçe até vir para aqui, porque ninguém quer ver a liga turca. Quem quer ver esta liga turca no estrangeiro? Têm a Premier League, a liga francesa, a liga alemã, a liga portuguesa e a liga neerlandesa. Por que razão deviam ver isto? Eu antes não assistia. Comecei a ver quando me convidaram para vir para a Turquia. Aí, sim, comecei a ver. Fi-lo para conhecer os meus futuros jogadores. (...) É demasiado obscura e cheira mal. Mas é o meu trabalho e vou dar tudo pelo meu clube», disse então numa flash-interview de 8 minutos em que pediu para nunca mais lhe calhar aquele árbitro. ««Estou zangado com as pessoas do Fenerbahçe que me trouxeram para aqui, contaram-me metade da história, não me contaram a verdade toda. Se me tivessem contado tudo, eu não teria vindo para o Fenerbahçe», afirmou ainda.

Antes, em setembro, já tinha sido original num protesto num jogo frente ao Antalyaspor, em que colocou um computador portátil na frente de uma câmara de televisão - a ideia era mostrar um golo anulado indevidamente. Viu cartão amarelo.

Em janeiro deste ano, apelo à chamada de árbitros estrangeiros, referindo que a liga turca era «tóxica».

Em fevereiro, bateu de frente com o grande rival. Após um empate 0‑0 com o Galatasaray, Mourinho afirmou que os membros do banco da equipa adversária «saltavam como macacos», o que originou acusações de racismo. Apesar de defendido por vários antigos jogadores, muitos deles negros, como Didier Drogba, recebeu inicialmente quatro jogos de suspensão da federação turca por «conduta antidesportiva» e insultos. Posteriormente, esse castigo foi reduzido para dois jogos. O jogo teve arbitragem estrangeira - Slavko Vincic, que esteve agora na Luz -  e disse ainda ao quarto árbitro, turco, que «com ele» o jogo teria sido «um desastre».

Apertão no nariz

Depois, talvez o momento mais inusitado, novamente contra este rival, mas para a Taça. A 2 de abril, após derrota por 1-2, Mourinho segurou e apertou o nariz do treinador adversário, Okan Buruk. Quando os jogadores e equipa técnica do rival se deslocaram para a zona onde estavam os seus adeptos, e mesmo com um enorme cordão de seguranças já no relvado, o treinador português apertou o nariz de Buruk, que de imediato caiu no chão, como se um futebolista se tratasse, agarrado à face. O episódio resultou em nova suspensão.

«Não há nenhuma lista»

Por fim as tensões internas: já nesta pré-época criticou a falta de reforços e, em Lisboa, questionou o empenho do clube em disputar de facto da UEFA Champions League, deixando transparecer que a UEFA Europa League estará mais ao alcance. «Afeta na medida em que, se fôssemos para a Champions League, jogaríamos oito jogos, e na Liga Europa somos das equipas mais fortes, disse depois da eliminação.

«Não me parece que tenha havido um esforço extra [...] Se a Champions fosse o objetivo principal do nosso clube, acho que algo teria acontecido por novos reforços entre os jogos contra o Feyenoord e o Benfica. Acho que o Geny Catamo não está na lista do Fenerbahçe. Honestamente, acho que não há nenhuma lista, acho que nenhum jogador vai entrar», disse na véspera do encontro.

Ainda antes do jogo da segunda mão do playoff, surpreendeu ao dizer que não sabia quem era o vice-presidente que dissera que o Benfica estava ao alcance. Mourinho foi confrontado com declarações de Hamdi Akin, que desvalorizou a equipa de Bruno Lage, com base naquilo que viu na primeira mão. «Acredite ou não, não sei quem é», respondeu José Mourinho. «Desconheço a pessoa e a sua influência ou importância na estrutura. Nunca me foi apresentado, não sei quem é. Também faço um bocado de confusão com os nomes...», respondeu o técnico português do Fenerbahçe.

Na época passada o Fenerbahçe ficou em segundo lugar na Liga turca, a 11 pontos do rival Galatasaray, ficou pelos quartos de final da Taça da Turquia e pelos oitavos de final na Europa League.

Em 62 jogos conseguiu 37 vitórias, 14 empates e 11 derrotas.

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