Benfica: o impacto Ivanovic (e o que se passou nos bastidores)

«Esperamos muitos golos dele», atirou, sem medo, Bruno Lage sobre Franjo Ivanovic, depois da vitória do Benfica sobre o Nice por 2-0, quarta-feira, em França, da primeira mão da terceira pré-eliminatória de acesso à fase de liga da Champions.

O avançado croata de 21 anos contribuiu com uma boa exibição e um golo, o primeiro, para o triunfo, mas o treinador até queria mais. «Para colocar pressão nele no primeiro jogo, tinha-lhe dito que precisava de fazer cinco golos em 15 minutos. Só fez um em 75, por isso ainda me está a dever quatro golos», brincou o treinador.

O Benfica deposita, sim, muita esperança em Ivanovic. Fez por ele um elevado investimento — €22,8 milhões, mais €5 milhões de bónus por objetivos, com o St. Gilloise a reservar 20 por cento de mais-valias em futura transferência — e teve de lutar contra clubes que apresentaram argumentos financeiros mais fortes.

A presença do diretor desportivo do Benfica, Rui Pedro Braz, em Bruxelas, para fechar a transferência, como A BOLA deu conta, foi decisiva. O Como ofereceu €25 milhões, o Eintracht Frankfurt — plano inicial de carreira do internacional croata passava por jogar na Alemanha — um salário bem mais elevado e o Wolverhampton entrou em cena, também sem sucesso, na fase final das negociações.

Nessa altura, porém, Ivanovic estava convencido. Bruno Lage, através de Rui Pedro Braz, falou com ele, explicou-lhe os planos e fortaleceu os argumentos dos encarnados. O avançado, pouco tempo depois, chegou a Portugal.

A burocracia atrasou um dia a apresentação e Ivanovic só conheceu os companheiros no Algarve, como foi possível testemunhar no vídeo partilhado pelo Benfica dos bastidores da conquista da Supertaça.

Um pouco sem saber como e meio envergonhado, obrigado pelo grupo, estava no relvado com o troféu nas mãos e uma medalha de vencedor ao peito. E foi logo possível vê-lo a sorrir.

O internacional croata, no dia seguinte, enquanto os titulares do jogo com o Sporting gozavam folga, estava no Seixal, para fazer testes físicos. Conheceu outros companheiros novos, como Tomás Araújo. Seguiram-se quatro treinos com a equipa e a estreia quase perfeita — só não foi melhor porque ficou chateado por ter perdido duas oportunidades — pelos encarnados, em Nice.

Ivanovic, ainda a conhecer os cantos à casa, não perdeu toda a timidez que o dominou nos primeiros dias. Tem estado mais próximo do bósnio Amar Dedic, até pela semelhança idiomas, mas também de Leandro Barreiro e Vangelis Pavlidis, que falam alemão — Ivanovic nasceu na Áustria, para onde os pais partiram em busca de vida melhor, e fez parte da formação no Augsburgo.

O reforço dos encarnados apresentou-se em forma. Iniciou a pré-época no St. Gilloise bem mais cedo que o Benfica começou a preparar a temporada e tinha, até, marcado um golo na Supertaça da Bélgica, com o Club Brugge (1-2), a 20 de julho. Não foi utilizado na primeira jornada, a 25 de julho, numa altura em que Benfica e St. Gilloise finalizavam o negócio.

Apresentou-se no Seixal, como tal, em forma e deu resposta muito positiva nos quatro treinos, doutra forma, naturalmente, não seria titular. A adaptação está, em resumo, a correr bem e acreditam no Benfica que a titularidade, a exibição e o golo com o Nice só vão contribuir para que o processo seja mais rápido.

Ivanovic está consciente, também, de que terá de continuar a trabalhar forte para melhorar cada vez mais e, assim, retribuir a confiança de Bruno Lage e do Benfica, apesar de estar já contagiado pelo bom momento que viveu. «Sinto-me feliz», desabafou, em Nice, depois de uma noite para recordar.