A imagem da polémica do Santa-Clara-Sporting (D.R.)
A imagem da polémica do Santa-Clara-Sporting (D.R.)

Até que João Pinheiro se fartou de esperar...

Doze minutos levou o VAR a rever imagens, a construir dúvida plausível para chamar João Pinheiro ao monitor. Depois, o árbitro nem 1 minuto levou a decidir

Em pouco mais de um mês, o Estádio de São Miguel consolidou-se como um palco fértil em polémica sempre que o Sporting lá joga. Duas visitas, duas partidas decididas em dois lances capitais com intervenção arbitral discutível — e ambos favoráveis aos leões.

A 8 de novembro de 2025, na 11.ª jornada da Liga, os leões venceram por 2-1 com um golo já em tempo extra, precedido de um canto que não deveria ter sido assinalado. A bola saiu pela linha final tocada por um jogador do Sporting, o reinício correto era pontapé de baliza para o Santa Clara, mas o erro passou incólume. Do lance irregular nasceu o golo decisivo.

Ontem, nova visita, novo capítulo e, outra vez, um episódio de arbitragem a marcar o rumo do jogo. Desta feita, o empate do Sporting surgiu também nos descontos, através de um penálti convertido aos 90+15 minutos, depois de um processo que roçou o absurdo. O VAR, Pedro Ferreira, levou cerca de 12 minutos a analisar um lance que, à partida, estava longe de ser claro ou consensual. Doze minutos a rever imagens, a procurar um enquadramento, a construir uma dúvida suficientemente plausível para chamar João Pinheiro ao monitor. Um quarto de hora de interrupção num jogo que já estava no limite da paciência competitiva.

O lance em causa envolveu Tiago Duarte, do Santa Clara, e Morten Hjulmand. Após um cruzamento para a área, ambos se preparam para disputar a bola e há um contacto — discutível, mínimo, interpretável — da mão do defesa açoriano no rosto do médio leonino.

É legítimo — e necessário — discutir o tempo excessivo gasto pelo VAR, que fere a fluidez do jogo e transforma a tecnologia num instrumento de desgaste psicológico. É igualmente legítimo questionar se o lance reunia os requisitos mínimos para justificar tamanha intervenção. Mas há um ponto que não pode ser escamoteado: a decisão final é sempre do árbitro principal. E João Pinheiro, confrontado com as imagens, demorou menos de um minuto a decidir que havia motivo para penálti. Se a decisão é errada ou exagerada, a responsabilidade é sua. O VAR sugere, o árbitro decide. E decide sozinho.

Chamado à marca dos onze metros aos 90+15’, Luiz Suárez mostrou frieza e competência e fez o 2-2, empurrando a eliminatória para prolongamento, num jogo que já tinha ultrapassado há muito os limites normais de duração e tolerância.

No tempo extra, apareceu a figura decisiva. Ioannidis, lançado a partir do banco, resolveu a questão aos 98 minutos com um cabeceamento certeiro, confirmando a sua influência em momentos-chave. O grego já tinha sido decisivo nesta edição da Taça de Portugal, na 3.ª eliminatória, em Paços de Ferreira: então como titular, marcou aos 61 minutos, empatou o jogo (2-2) e levou-o igualmente a prolongamento, onde o Sporting acabaria por vencer por 3-2.

O Sporting segue em frente — mérito próprio, sem dúvida — mas deixa atrás de si um rasto de decisões polémicas que voltam a colocar a arbitragem no centro do debate.

FC Porto venceu o Famalicão por 4-1 nos oitavos de final da Taça de Portugal

FC Porto: demasiado tempo em pressão desnecessária

O FC Porto marcou cedo, o que é sempre positivo para desencravar jogos a eliminar, mas esteve só meia dúzia de minutos em vantagem na receção ao Famalicão e manteve a decisão sobre a qualificação em aberto até perto do final da partida no Dragão. Demasiado tempo em pressão desnecessária à equipa (e aos adeptos) quando se olha para o jogo jogado e o resultado.

Os portistas dominaram, é certo, sem especial brilho na exibição - sem dúvida -, mas atingiram o objetivo, e de forma convincente, um pouco à sua imagem esta temporada. Os famalicenses nunca foram páreo para os dragões, a possibilidade de causar sensação nestes oitavos de final, afastando um grande, e ainda maior, em casa deste, nunca esteve sequer em perspetiva.

Nem com o empate a persistir até aos 38 minutos, quando Froholdt aproveitou uma série de ressaltos na grande área e rematou ao ângulo. Depois deste, muito menos. Ou melhor, nada. Os azuis e brancos tinham aberto a contagem aos seis minutos por William Gomes, beneficiando de uma perda de bola em zona proibida, e sete minutos volvidos sofreram o sétimo golo de bola parada em 13 que já encaixaram esta temporada em todas as competições (4 de penálti, dois de pontapé de canto e 1 de livre). 

De qualquer modo, estiveram para resolver a questão da passagem até aos 80 minutos. Quando o inevitável Samu... resolveu. O espanhol marca há quatro jogos consecutivos e descansou o Dragão. Pepê fechou a contagem aos 89’, para sobrevalorizar o resultado face à exibição.