As ‘big balls’ de Ian Cathro
Ian Cathro, treinador do Estoril, é o escocês mais português que conheço. Provavelmente, é mesmo o escocês mais português do Mundo. E foi em bom português que, após o desaire em Alvalade que, para os canarinhos, foi o fim de um ciclo de oito jogos sem derrotas (6V e 2E), o técnico de 38 anos defendeu os jogadores e a atitude que mantiveram contra o campeão soltando um sonoro: «Calámos 50 mil! Para jogar no Estoril é preciso ter colh...!» Percebendo que tinha dito uma palavra menos bonita, Cathro sorriu e corrigiu: «É preciso ter big balls!»
A expressão é usada para referir coragem, neste caso dos atletas do Estoril, pelo que têm feito e pelo que fizeram contra o Sporting mesmo tendo perdido. Mas sublinhe-se que coragem é, também, o que não falta ao jovem escocês (e à direção do clube) que soube resistir aos maus resultados iniciais — que quase significaram a sua demissão — e que, passo a passo, foi impondo o seu estilo com os resultados que se conhecem e que levaram o Estoril dos lugares de descida ao atual 8.º posto, com 34 pontos, suficientes para a manutenção. A 12 rondas do fim.
Adjunto de Nuno Espírito Santo durante 10 anos (Rio Ave, Valência, Newcastle, Wolverhampton, Tottenham e Al Ittihad), Ian Cathro tem um modo de estar diferente, como mostrou em entrevista a A BOLA a 17 de janeiro: «Ditadura dos resultados? As pessoas têm de gostar de ver a equipa jogar. Não vale a pena jogar com medo, não gosto. É chato, é aborrecido. Então vamos com tudo. Se tu só andas à procura do resultado, então não tens nada. É preciso construir algo!» Big balls.