Alguém anda a brindar com os Lobos
Quando Vítor Pereira recebeu o convite do Wolverhampton, em jeito de presente de natal antecipado, a equipa estava no penúltimo lugar da Premier League, com apenas 9 pontos. Quatro meses depois os Lobos estão na 16.ª posição, com 35 pontos, mais 14 do que o Ipswich, primeira equipa em zona de despromoção.
Em 16 jornadas o técnico português conseguiu somar 26 pontos (em 48 possíveis), o que dá um aproveitamento de 54 por cento, registo acima de Brighton, Bournemouth e Fulham de Marco Silva, apenas ligeiramente inferior ao do Aston Villa de Unai Emery, sétimo classificado.
A permanência está virtualmente garantida, motivo mais do que suficiente para que os adeptos dos Wolves já cantem nas bancadas por Vítor Pereira, que merecidamente decidiu festejar a espantosa recuperação a fazer brindes com os adeptos, nos pubs locais.
Vive dias felizes o treinador português de 56 anos, finalmente a desfrutar da melhor Liga do mundo, pela qual tanto suspirou. Vítor Pereira fez por merecer tal oportunidade, depois de ter sido bicampeão português com apenas uma derrota, ao serviço do FC Porto — clube ao qual ofereceu também duas Supertaças —,vencedor da dobradinha com o Olympiakos, na Grécia, e ainda campeão da Liga Chinesa e da Supertaça com o Shanghai SIPG.
Pisou muitas pedras no caminho para a Premier League, mas também por culpa própria, se pensarmos na opção Al Ahli após a saída do FC Porto, na polémica mudança do Corinthians para o Flamengo, ou — porventura o maior erro de todos — a experiência como treinador de um histórico Munique 1860 em queda livre.
O próprio Vítor Pereira reconhece esses erros, justificados com a dificuldade em estar parado, mas também é certo que foi esse vício de treinar, essa obsessão pelo detalhe, que lhe deu força para dar sempre a volta, a ponto de conseguir chegar ao patamar Premier.
Demorou, mas talvez tivesse de ser assim. Vítor Pereira chegou com outra vivência ao teatro dos seus sonhos, e tem capacidade para prolongar o encantamento que provocou entre os lobos.
Depois de amanhã visita Old Trafford, mítica casa do único treinador português da Liga inglesa que (ainda) não tem motivos para brindar com os adeptos. Vai demorar, mas talvez tenha mesmo de ser assim, para que Amorim consiga viver em paz com os diabos.
#DAZNPremier