Estreou-se no Brasil há cinco anos e já conquistou 20 troféus, cinco dos quais Grand Slams

O segredo de Alcaraz tem três palavras: «Começam todas com c...»

O espanhol, que bateu Sinner na final mais longa de sempre em Paris, tem o Mundo a seus pés aos 22 anos, após o triunfo, impensável para muitos, que lhe valeu o quinto troféu de Grand Slam e uns milhões de euros. Antes de ir celebrar «muito», desvendou como conseguiu a reviravolta histórica!

Foram 5h29 de pura magia aquelas que se viveram no domingo em Roland Garros durante a final masculina do segundo Grand Slam da temporada. No final, Carlitos Alcaraz bateu Jannik Sinner e conquistou o seu quinto Major, mas muito mais do que o apetecido troféu parisiense, o espanhol de 22 anos ofereceu ao Mundo uma das melhores partidas da história do ténis e, sobretudo, uma lição de resiliência e impressionante capacidade de responder à adversidade.

«Nem sabia o que tinha de fazer para ganhar. Acho que joguei com três C: cabeça, coração e c##3@@@. Sabem o que significa não [órgãos genitais masculinos]. Tenho a certeza que o meu avô está orgulhoso! Era importante pensar ponto a ponto, de forma positiva, tentar superar todos os problemas que estava a viver em court... Foi muito difícil, estou muito orgulhoso de ter conseguido», explicou o tenista que começou a jogar ténis com quatro anos, mantendo viva a herança familiar do pai, Carlos Alcaraz González, ex-tenista, e dono de uma academia de ténis na terra natal, El Palmar, pequena localidade na região de Múrcia.

«Foi incrível. É difícil explicar com palavras. Estar aqui contra o número 1 do Mundo, a perder por 0-2...O coração falou. Tentei continuar e jogar o meu melhor ténis no terceiro set. E no quarto. E no quinto. A chave era não me render. Continuar a lutar, ponto a ponto. Acho que fiz bem», disse depois de acabar deitado no pó de tijolo do court principal em Roland Garros. Exausto física e emocionalmente mas seguro de que continua a escrever novas páginas na história do ténis mundial após vencer o encontro por 4/6, 6/7(4), 6/4, 7/6(3) e 7/6(2).

Qual foi a final mais longa em Grand Slams?
A final mais longa aconteceu no Open da Austrália em 2012 quando o sérvio Novak Djkovic derrotou o espanhol Rafael Nadal por 5/7, 6/4, 6/2, 6/7 e 7/5, numa partida que durou 5h53.

E, o miúdo de Murcia a quem todos tratam carinhosamente por Carlitos acabou de fazer 22 anos e jogar a mais longa final do Major francês - o recorde anterior era 4 horas e 42 minutos, estabelecido em 1982, por Mats Wilander e Guillermo Vilas. 

Esta foi também a segunda final de Grand Slam mais longa da história - superada apenas no Open da Austrália, em 2012.

As comparações com Rafael Nadal são inevitáveis, mas Alcaraz não se incomoda nada, é o seu ídolo de menino. Para todos é o herdeiro de Rafa, que venceu 14 dos seus 22 Grand Slams em Roland Garros, e se estreou quando Alcaraz tinha dois anos, em 2005! Antes da edição deste ano, foi homenageado e uma placa com a sua pegada foi colocado no principal palco, o court Philippe-Chatrier, para sempre.

«Não olhei para a placa, mas lembrei-me das históricas reviravoltas de Rafa. Pensei nele sim. Acho que foi uma final espetacular, mas não a melhor... Continua a ser a de Wimbledon 2008 [que Nadal ganhou a Roger Federer em cinco sets]».

Aos 22 anos, Carlos Alcaraz tem o Mundo a seus pés e não apenas o do ténis. Antes da final da Liga das Nações que Espanha perdeu com Portugal, os jogadores seguiam atentamente o duelo com Sinner e o tenista espanhol mostrou a sua frustração após a derrota dos compatriotas. Estrelas de Hollywood, da Fórmula 1, da NBA inundaram as redes sociais rendidas ao fenómeno Alcaraz que, confessou após o jogo: «Não vos vou mentir, hoje vou celebrar muito!»

E não só merece como pode, dado que com o triunfo juntou mais de 2,5 milhões de euros ao seu pé de meia que, aos 22 anos, já tem mais de 40 milhões de euros. A isto, acresce o dinheiro que recebe de contratos de patrocínio com Nike, Louis Vuitton, Calvin Klein, Rolex…  Apesar disso, continua a viver em casa dos pais, onde guarda os seus troféus dos 20 torneios que já venceu, desde que, em 2020, em plena pandemia, se estreou a vencer pela primeira vez como profissional no Open do Rio de Janeiro.

No domingo, Paris ganhou a uma partida inesquecível e, para muitos, impossível, mas impediu o número dois do Mundo salvou três match-points consecutivos, quando o italiano que ainda lidera o ranking ATP vencia por 5-3 no quarto set. Alcaraz protagonizou uma das mais memoráveis reviravoltas para conquistar o seu quinto troféu de Grand Slam com 22 anos, 1 mês e três dias, numa coincidência inacreditável com Nadal que venceu pela quinta vez um Major com 22 anos, 1 mês e...três dias! Nada mais, nada menos, do que a história vitória em Wimbledon, em 2008.