«Jogos Olímpicos? Sem margem de erro, sentido de responsabilidade é maior»
Leonel Fernandes é o porta-voz da ambição portuguesa para ainda chegar aos Jogos Olímpicos (IHF/Kolectiff)

«Jogos Olímpicos? Sem margem de erro, sentido de responsabilidade é maior»

ANDEBOL16.03.202409:15

Leonel Fernandes assegura que a confiança dos Heróis do Mar «está intacta» após a derrota com a Noruega

Mais rápido! Não há tempo a perder. Um dia depois da derrota com a Noruega na abertura do torneio pré-olímpico, o foco de Portugal está já no confronto com a Tunísia. O desaire com o conjunto nórdico já foi analisado, os erros detetados e corrigidos. Essa é a garantia deixada por Leonel Fernandes em conversa com A BOLA.

«Claro que queríamos começar com uma vitória, mas a Noruega colocou problemas que não conseguimos resolver. Já estivemos a rever onde falhámos e a reajustar a estratégia para os próximos dois jogos. Tivemos menos tempo para preparar este torneio do que o Europeu, e por muito que nos conheçamos bem, há sempre uma necessidade de mudar o chip do clube para a Seleção. Não esteve tudo ajustado no jogo com a Noruega, mas agora vai estar», assegura o ponta de 26 anos.

Nem há outra hipótese. Tem de estar tudo afinado. Até porque neste sábado, às 16h, há já novo jogo frente à Tunísia, no qual só uma vitória permite continuar a sonhar com a presença em Paris2024.

«Sabemos que não há margem de erro e isso dá-nos um sentido de responsabilidade ainda maior. Isto é o mata-mata. Temos de ganhar e queremos muito estar nos Jogos Olímpicos. Tenho toda a confiança e certeza de que vamos dar o máximo. E acredito que será suficiente», realça.

Mais alto! Há três anos, quando disputou pela primeira vez um torneio pré-olímpico, que valeu o apuramento para as Olimpíadas de Tóquio, a Seleção era muito mais inexperiente do que aquela que agora tenta novo apuramento. Entretanto, os voos do andebol Português elevaram a Seleção para outro patamar. E Leonel Fernandes não tem dúvidas de que isso torna a equipa mais forte para ultrapassar o dissabor norueguês.

«A confiança mantém-se intacta. Temos vindo a crescer cada vez mais e no desporto, sabemos que as coisas nem sempre correm como esperamos. Mas o nosso valor não é ditado por uma vitória ou derrota, temos de ver as coisas num espetro mais longo. E aquilo que temos vindo a conseguir não é abalado por esta derrota», garante.

Mais forte! Será, portanto, uma equipa emocionalmente mais robusta aquela que vai encarar as duas finais que faltam, sabendo que o apuramento só será decidido no último jogo, diante da Hungria, que vai jogar em casa, diante de mais de 15 mil adeptos fervorosos.

«Já vivemos isto em 2021. Nestes jogos, além do andebol em si, da tática e do talento – que já mostrámos ter -, é importante amadurecer do ponto de vista emocional. Isso é fundamental para o fortalecimento de um atleta. Agora, estamos mais habituados para viver estes ambientes. Antigamente era uma novidade, ainda não é rotina, mas já alcançamos isto com alguma naturalidade e queremos mais ainda», deseja, dando a receita para voltar a lidar com uma tradição portuguesa.

«Não podemos correr antes de caminhar e para chegar onde queremos, temos de ir evoluído. Estamos a traçar esse caminho. Claro que era melhor não termos de sofrer até ao fim. É uma velha questão da cultura portuguesa: tem de ser sempre com a calculadora na mão. Não gosto muito dela, mas nas últimas vezes conseguimos sair por cima. Vamos voltar comprovar essa teoria», remata.

Mais rápido. Mais alto. Mais forte. Os Heróis do Mar cumprem o lema olímpico. Falta cumprir o fado português.

Entre a «racionalidade» e a «emoção»

A Seleção já conhece bem os dois rivais que vai defrontar e Leonel Fernandes dá receitas distintas para eles. «Contra a Tunísia esperamos um jogo muito físico. Eles são muito possantes e rápidos. Vamos precisar de racionalidade e não deixar o jogo disputar-se com o coração. Se dependermos apenas do físico e emocional, será mais difícil», defende. Já com aos magiares, as coisas são diferente, até porque o lado emocional pode ser um ponto débil a explorar, pela pressão que a Hungria pode sentir por jogar em casa. «Temos um estilo de jogo que lhes causa muitos problemas. O verdadeiro desafio deste apuramento vai ser jogar contra a Hungria, diante do público deles, se ainda precisarem desse jogo. O apoio pode fazer-nos sentir inferiorizados, mas também pode ser uma pressão extra para eles», nota.