Toma lá quatro, Salah, disse Gyokeres ao egípcio (as notas dos leões)
Poker no Bessa para Gyokeres (GRAFISLAB)

Boavista-Sporting, 0-5 Toma lá quatro, Salah, disse Gyokeres ao egípcio (as notas dos leões)

NACIONAL27.04.202523:38

Escolha o leitor o adjetivo que mais se aproxima do rendimento do atacante do Sporting. Nós, sinceramente, já não conseguimos

Gyokeres (9) –

Vamos tentar não escrever qualquer adjetivo, o que, muito provavelmente, será inédito. Marcou os golos 49, 50, 51 e 52 e, por um ponto, lidera agora a corrida à Bota de Ouro: 57 contra 56 de Salah (Liverpool), embora tenha 38 golos apontados contra ‘apenas’ 28 do egípcio. Apontou o segundo poker no Sporting, depois de ter marcado o primeiro em novembro, frente ao Estrela da Amadora. No primeiro golo, a bola saiu do pé esquerdo de Maxi e, teleguiada, chegou ao pé esquerdo de Gyokeres. O resto foi a história do costume: desvio e golo. Estavam decorridos menos de seis minutos. Pouco depois (12’), de novo a bola a sair do pé esquerdo de Maxi e, de novo, a ir para junto de Gyokeres. Desta vez pelo ar. E pummm, bicicleta quase perfeita do sueco. Para ser perfeita seria preciso que a bola entrasse na baliza do Boavista, mas Vaclik deteve-a sem grande esforço. E, como se escreveria na Bíblia, ao minuto 15 Gyokeres descansou. E regressou aos 33, de novo recebendo um passe de pé esquerdo, desta vez de Trincão, para desviar de cabeça, mas ao lado. Por fim, na compensação do primeiro tempo, Trincão isolou Gyokeres um pouco sobre a esquerda. Lance típico do sueco: correu, correu, correu, encarou o adversário, neste caso Abascal, tocou para a direita, rematou e golo. Nada a fazer. E a abrir a segunda parte, aos 50’, golo com a sua segunda melhor impressão digital, fugindo pela direita e fuzilando a baliza de Vaclik, com remate entre as pernas do guarda-redes do Boavista. A seguir, entrou de novo num período, digamos, estranho, com dois golos falhados, isoladíssimo perante Vaclik (57’ e 72’). Por fim, aos 90+2’, recebeu a bola do bem solidário Harder e encostou para o 5-0 final e colocando o poker no bolso.

 Rui Silva (6) – Viu uma ou duas bolas passarem por cima da sua baliza e uma, desviada pela cabeça de Reisinho, beijar a barra. De resto, noite bem sossegadinha.

Eduardo Quaresma (6) – Algum trabalho no primeiro tempo. A baliza de Rui Silva não correu perigo, mas Quaresma teve de correr bastante para a proteger bem e também para atacar a outra pelo lado direito.

Diomande (6) – Muito cerebral de início, sempre tentado a iniciar a construção do Sporting, mas sempre optando depois por lateralizar. Imponente na defesa da baliza de Rui Silva e, aqui e ali, a tentar incomodar no outro lado. Não conseguiu. Mas conseguiu, perto do fim, ganhar o quinto cartão amarelo, que o impedirá de estar no jogo com o Gil Vicente e que lhe permite defrontar o Benfica.

Gonçalo Inácio (6) – Andou sossegadinho pela esquerda de defesa, sem correr riscos e sem ver Rui Silva passar por qualquer perigo. Até que, a abrir a segunda parte, teve lançamento fantástico para a entrada de Gyokeres, que terminaria com o golo de Maxi Araújo.

Catamo (6) – Tentou diversas vezes o golpe de asa, mas este nunca apareceu. Foi desaparecendo com o passar dos minutos e sairia, perto do fim, para entrar Harder.

Hjulmand (6) – Não está ainda ao seu nível mais elevado, mas o meio-campo do Sporting é uma coisa com ele e outra, bem diferente, sem ele. Menos exuberante, sim, com um dos pontos altos a ser a recuperação de bola que originaria o 2-0. Amarelado, saiu aos 69’ para entrar Morita.

Debast (7) – Ligeiramente acima de Hjulmand, embora sem qualquer influência direta no resultado. Defendeu sempre muito bem e esteve um pouco mais ativo que o capitão nas manobras atacantes.

Maxi Araújo (8) – Há quem não goste e que diga que o uruguaio é só esforço e luta. Sim, tem muito destas duas qualidades, mas não é só. No Bessa foi muito mais do que isso. A começar, claro, pela brilhante assistência para o 1-0 (6’) e, pouco depois, pelo brilhante passe para a bicicleta de Gyokeres (12’). Teve também bela abertura atrasada para um remate interceptado de Trincão (34’). Por fim, aos 57’, marcou da cabeça, na sequência de defesa incompleta de Vaclik a remate de Gyokeres.

Trincão (7) – O corpo pode estar cansado, mas o cérebro não está. Tem fratura na mão, mas o seu talento não teve qualquer fratura. Tentou muitas vezes o 1x1, a maioria das vezes sem resultados práticos (tentou o golo aos 2’ e aos 16’), mas esteve em dois dos quatro golos, ambos de Gyokeres, sempre lançando o sueco. Primeiro, recebendo passe curto de Hjulmand e desmarcando Gyokeres para o 2-0 (45+1); depois, logo a abrir a segunda parte, teve brilhante abertura para o 9 leonino fugir pela direita e rematar para o 3-0 (50’).

Pedro Gonçalves (5) – Primeiro, 3’ (Santa Clara, fora); depois, 21’ (Moreirense, casa); a seguir, 45’ (Rio Ave, fora); finalmente, mais 45’ (Boavista, fora). Saiu ao intervalo, sem muitos lances ao nível do Pedro Gonçalves pré-longa lesão. Apenas a abertura, em esforço, para Maxi Araújo cruzar para o primeiro de Gyokeres.

Quenda (6) – Entrou e quase ia fazendo estragos, logo ao minuto 48, fugindo pela esquerda e rematando para defesa apertada de Vaclik.

Matheus Reis (5) – Pouco mais de 20 minutos no lugar de Maxi Araújo. Sem erros e sem brilhantismo.

Morita (6) – Vinte minutos nas pernas para voltar a ganhar algum ritmo. Ainda deu para um lançamento para Gyokeres sobre a direita e também para meia dúzia de pequenos dribles a adversários à saída da área leonina.

Harder (6) – Personificou a solidariedade. Poderia ter marcado o quinto golo, pois estava em excelente posição, mas preferiu oferecê-lo a Gyokeres, para que este chegasse aos 38 golos e aos 57 pontos, ultrapassando Salah na corrida pela Bota de Ouro.

St. Juste (-) – Nada a apontar. De positivo ou de negativo. Entrou em cima dos 90’ e não deu para errar ou brilhar.

Na crista da onda surfou um leão de mão cheia (crónica)

27 abril 2025, 23:04

Na crista da onda surfou um leão de mão cheia (crónica)

Foi gigante (quase 15 mil sportinguistas no Bessa) a maré que empurrou o Sporting, que contou com uma espécie de Garrett McNamara sueco a destruir a defesa do Boavista. Mais quatro de Gyokeres que decidiu um jogo de sentido único e elevada nota artística. E com ‘manita’ de golos o leão fica na liderança