Queridos adeptos, vou começar a gerir um clube de futebol!
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Queridos adeptos, vou começar a gerir um clube de futebol!

INTERNACIONAL19.12.202314:15

Juan Román Riquelme é o mais recente ex-jogador a chegar à presidência de um emblema. Ganhou as mais concorridas eleições da história do Boca Juniors, contra o candidato apoiado por Javier Milei, presidente da Argentina

O anúncio do antigo jogador Riquelme como novo presidente do Boca Juniors foi recebido com forte apoio por parte dos adeptos do emblema da capital argentina, Buenos Aires. As eleições foram bastante concorridas, cerca de 46 mil pessoas votaram na eleição do próximo homem-forte do Boca, sendo estas as mais votadas na história do futebol argentino, segundo o próprio clube.

O até agora vice-presidente derrotou Andrés Ibarra, que tinha ao seu lado o antigo presidente Maurício Macri (2015/2019) e o apoio do atual presidente Javier Milei, com 30.318 votos, equivalentes a 68%, o dobro de Ibarra, que angariou 15.949 votos.

Juan Román Riquelme, agora com 45 anos, é um ídolo do futebol argentino e começou a sua carreira como jogador de futebol em 1992, no Argentinos Juniors, e cinco anos depois chegou ao Boca Juniores, ainda nas camadas de formação. Contudo, não demorou mais do que uma época para chegar à equipa principal. Foram seis anos de sucesso, quase 200 jogos e 44 golos até se mudar para Barcelona. 

Na Catalunha, numa só temporada (2002/03) disputou 42 jogos e apontou seis golos, mas Riquelme não guardou boas recordações dos adeptos culés.

Na época que passou no Barcelona, onde não gostou de jogar (Foto Imago)

No ano seguinte foi emprestado ao Valência, onde ficou até 2006. Em três épocas e meia esteve em 145 partidas e marcou 45 golos.

Em 2007 voltou para a sua Argentina e ao Boca, tendo conquistado vários troféus, entre eles a Taça Libertadores (3) e uma Intercontinental. A última época (2015) foi vivida no clube onde tudo começou: no Argentinos Juniors.

Riquelme no Boca Juniors, no qual agora conquistou a presidência (Foto Imago)

385 jogos depois com a camisola (10) do Boca Juniors, é a vez de Riquelme começar a gerir o clube do seu coração. 

Santiago Bernabéu (Foto DR)

Santiago Bernabéu, o antigo soldado que deu o seu nome a um dos mais famosos estádios do mundo

O Estádio do Real Madrid tem o nome do antigo e influente presidente, que também foi jogador. Santiago Bernabéu representou o clube enquanto jogador entre 1912 e 1927, antes de combater na Guerra Civil espanhola como soldado franquista.

Depois da Guerra Civil espanhola (1936-1929), o Real Madrid atravessou uma grande crise, estando mesmo prestes a falir. Santiago Bernabéu começou a estabelecer contactos com vários ex-dirigentes e ex-jogadores que sobreviveram à guerra para reestruturar o clube, que não recebia apoios por parte do Governo espanhol.

Santiago Bernabéu acabou por ser reconhecido como uma pessoa capaz de elevar o clube e foi eleito presidente do Real Madrid em 1943, levando a instituição a uma das fases mais áureas da história, com uma reestruturação em vários setores no clube e construindo o estádio que era considerado o maior e melhor da época.

O estádio, então chamado de Chamartín, foi inaugurado em 1947, num encontro amigável entre o Real Madrid e o Belenenses. Os lisboetas não estragaram a festa aos vizinhos e saíram derrotados por 3-1.

Além de toda a reestruturação profissional do clube, a contratação de jogadores como Di Stéfano, Santamaría, Puskás, Juanito, Camacho e Del Bosque fizeram com que o Real Madrid fosse admirado em Espanha e em todo o mundo.

Enquanto presidente do Real Madrid, Bernabéu conquistou um palmarés invejável: uma Taça Intercontinental, seis Taças dos Campeões Europeus, 16 campeonatos espanhóis e seis Taças de Espanha.

Santiago Bernabéu manteve funções como presidente do clube até ao ano em que faleceu, em 1978. A partir de 1955 e até hoje, o estádio passou a ter o seu nome.

David Beckham no Inter Miami (Foto Imago)

Galático Beckham é dono de um clube

O namoro entre David Beckham e a cidade de Miami começou em 2013, quando ainda estava no seu último ano da carreira, como jogador do PSG, mas só seis anos depois é que se viria a formalizar: o ex-internacional inglês era proprietário do Inter Miami, juntamente com outros acionistas.

O ex-jogador do Manchester United e Real Madrid é o presidente do clube desde então, tendo começado a disputar a MLS (Major League Soccer) na temporada 2020/21 e Gonzalo Higuaín foi o primeiro nome sonante a ser contratado, isto antes da chegada de Lionel Messi, em junho de 2023. Depois da chegada do craque argentino, os ex-Barcelona Sergio Busquets e Jordi Alba também viajaram para a Flórida.

Anos antes, a chegada de David Beckham acabaria mesmo por agitar o desporto nos EUA. Num contrato milionário com os LA Galaxy, o antigo capitão da seleção inglesa acabaria por ficar de 2007 a 2012, com um interregno para jogar por duas ocasiões no AC Milan, e mudando o paradigma de grandes jogadores do futebol a trocarem a Europa por outros continentes.

Em 20 de agosto, o Inter Miami conquistou o primeiro título da história e Lionel Messi foi o melhor marcador e o melhor jogador da prova.

No mês de outubro, outro recorde para David Beckham: Messi conquistava a Bola de Ouro (a oitava) e era a primeira vez que uma equipa da MLS tinha o melhor jogador do mundo na competição.

Ronaldo, o eterno 'Fenómeno, assumiu a presidência do Valladolid em 2018 (Foto Imago)

Ronaldo Nazário, o presidente intermitente

Em setembro de 2018, Ronaldo Nazário, antigo craque do Real Madrid e que partilhou balneário com David Beckham, adquiriu parte da sociedade que gere o Real Valladolid e assumiu a presidência do clube espanhol.

Ronaldo adquiriu 51% das ações por 30 milhões de euros, tornando-se sócio maioritário e investiu 2,5 milhões nas obras do Estádio José Zorrilla.

Sob o comando de ‘O Fenómeno’, o Real Valladolid ainda se manteve ao lado de clubes como Real Madrid, Barcelona ou Atlético de Madrid na primeira temporada, mas, na época seguinte, na sequência das más exibições e maus resultados, foi atirado para a segunda divisão. Escalão onde se encontra atualmente, depois de na época 2021/22 ter voltado a subir.

«Ronaldo, onde está o dinheiro?» ou «Cinco anos de mentiras, à beira do abismo. Já chega!», podia-se ler nas faixas durante os protestos. Na altura, à quinta jornada, o Valladolid ocupava a 17.ª posição, contudo, 15 rondas depois, o clube ocupa agora a vice-liderança com 35 pontos, a três do líder Leganés, sendo que são poucos os pontos que o separam do sétimo lugar (Levante, 31).

O 'kaiser' Franz Beckenbauer foi presidente do Bayern Munique entre 1994 e 2009 (Foto Imago)

Bayern, a presidência que adora ex-jogadores

Se há clube que gosta de apostar em ex-jogadores para cargos de direção esse é o Bayern Munique. Franz Beckenbauer foi presidente do emblema da Baviera entre 1994 e 2009 e Uli Hoeness acabou por sucedê-lo, ocupando o cargo até ser condenado por evasão fiscal, em 2014. Nova troca de cadeiras e Hoeness voltou à presidência do Bayern Munique entre 2016 e 2019.

Karl-Heinz Rummenigge, um dos melhores futebolistas que a Alemanha (e o mundo) viu jogar, ocupa cargos diretivos no Bayern desde 1991, entre os quais o de presidente-executivo, sendo atualmente um membro do Conselho de Supervisão do emblema bávaro.

Oliver Kahn foi ainda CEO do Bayern entre janeiro de 2021 e maio de 2023.

Rivaldo, um dos campeões do Mundo de 2002, presidiu ao Mogi Mirim, do Brasil (Foto Imago)

Um pouco por todo o mundo

Em Espanha, o antigo trinco Josu Urrutia foi presidente do Athletic Bilbao entre 2015 e 2018, o ex-defesa Rafael Gordillo comandou a presidência do Bétis de Sevilha entre 2010 e 2011 e Fernando Sanz liderou o Málaga entre 2006 e 2010, na sequência de o pai Lorenzo Sanz ter comprado 97% das ações do clube.

Em 2014, Juan Sebastián Verón foi eleito presidente dos argentinos Club Estudiantes de La Plata, cargo que ainda ocupa. No Brasil, Rivaldo assumiu a presidência do Mogi Mirim em 2008, mas acabaria por sair em 2015, debaixo de graves acusações, nomeadamente pela má gestão financeira.

Giampiero Boniperti, médio histórico da Juventus, foi presidente do emblema de Turim entre 1971 e 1990.

Rui Costa iniciou e terminou a carreira no Benfica. Foi eleito presidente em 2021 (Foto ASF)

Por cá, Rui Costa é caso único na I Liga

Rui Costa é o único ex-jogador português em funções como presidente de um clube da I Liga. Eleito a 10 de outubro de 2021, obteve quase 85% dos votos por parte dos mais de 40 mil sócios do Benfica que foram às urnas. Foi a maior votação de sempre da história do clube, tendo sucedido a Luís Filipe Vieira, de quem era vice-presidente.

Até à data, Rui Costa conseguiu um campeonato nacional (2022/23) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (2023/24), ambos com Roger Schmidt no comando técnico.

David Belenguer, antigo jogador espanhol que passou por clubes como o Bétis ou o Getafe, também preside a SAD de um clube português, o Tondela, mas na II Liga.

Joaquim Almeida, presidente da SAD do Vizela, integrou os sub-19 do FC Porto nas épocas 1988-1989 e 1989-1990, mas nunca disputou a I Liga.

George Weah, único africano a conquistar a Bola de Ouro, chegou à presidência do seu país, a Libéria

Há até quem se torne presidente de um país depois de ser rei no futebol

Em 2018, George Weah tomou posse como Presidente da República da Libéria, cargo que ocupa até hoje. A vida de George Weah, único futebolista africano a receber uma Bola de Ouro, mudou para sempre quando Arsène Wenger o viu jogar nos Camarões e levou o jovem liberiano de 21 anos para o Mónaco (1988-1992). A partir daqui começou uma ascendente carreira no velho continente, tendo passado por clubes como PSG (1992-95), AC Milan (1995-2000), Chelsea (1999-2000), Manchester City (2000-01) e Marselha (2000-01).

Em 1995 conquistou a Bola de Ouro e no mesmo ano venceu o prémio de melhor jogador do mundo pela FIFA. Os portugueses devem estar recordados de George Weah pelas piores razões quando, em 1996, agrediu Jorge Couto num encontro da Liga dos Campeões entre AC Milan e FC Porto.

 Em 2005, George Weah candidatou-se pela primeira vez às presidenciais na Libéria, mas só em 2018 é que viria a ser eleito. O ‘Rei George’, como era conhecido nos relvados, tomou posse como presidente da República da Libéria num estádio de futebol, com milhares de liberianos à espera na fila para assistir ao primeiro discurso do Presidente Weah.