Pinto da Costa: «Será o último mandato mas vou cumpri-lo até ao fim»
Pinto da Costa fez um discurso emocionado (Foto: José Coelho/LUSA)

Pinto da Costa: «Será o último mandato mas vou cumpri-lo até ao fim»

NACIONAL04.02.202418:52

O presidente dos dragões confirmou a sua intenção de continuar no cargo numa cerimónia realizado no Coliseu do Porto; recordou o seu percurso no clube, criticou Villas-Boas, deu notícias acerca das finanças do clube e afirmou que, caso ganhe, este será o seu último mandato

O Coliseu do Porto encheu-se na tarde de domingo para a apresentação da candidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa à presidência do FC Porto. 

O presidente contou com o apoio de várias figuras históricas e conhecidos adeptos do FC Porto, tais como António Oliveira, Rui Barros, João Pinto, Silvestre Varela, Nuno Capucho, Paulinho Santos, Domingos Paciência, António Folha (treinador da equipa B dos dragões), Manuel Pizarro (atual Ministro da Saúde), Eduardo Vítor Rodrigues, o administrador da SAD do clube Fernando Gomes e Catarina Madureira, filha mais velha de Fernando Madureira. 

E, por isso, Pinto da Costa começou por dizer: «Tenho uma sala repleta de gente ilustre e de notáveis, porque para mim, todo e qualquer dragão é uma pessoa notável e está no meu coração. Orgulho-me de ter uma plateia cheia e sem ninguém ressabiado. Todos são iguais e estão todos no meu coração.»

«Não touxe comigo nenhum segurança, não venho ler nenhum discurso e não tenho qualquer teleponto. Venho dizermos aquilo que sinto». Assim iniciou Jorge Nuno Pinto da Costa o seu discurso, perante um coliseu do Porto que estava praticamente cheio. E aquilo que ia na alma do presidente do FC Porto desde 1982 era o seu percurso no FC Porto.

«Fiz-me sócio do FC Porto a 31 de dezembro de 1953. Tenho o meu primeiro cargo como dirigente desportivo em 1962. Em 1969, fui convidado pelo Sr. Afonso Pinto Magalhães para ser dirigente das modalidades amadoras, fui de 1974 a 1978 diretor do departamento de futebol. Este é o meu currículo no FC Porto», afirmou, proferindo depois a frase que todos esperavam, para gáudio da plateia: «E como o meu currículo está comprovado, eu sou candidato à presidência do FC Porto.»

Após um longo aplauso e cânticos alusivos a Pinto da Costa, seguiram-se as primeiras provocações do presidente a outro candidato à presidência, André Villas-Boas: «Espero que quem venha candidatar-se apresente o seu currículo, não basta dizer que se sonhou com uma cadeira de sonho que hoje está aqui, depois fica ali e amanhã está acolá. Não basta abrir caminho para quem não é do FC Porto que venha para o clube fazer negócio. Por isso, apresento a minha candidatura pelo meu coração e pelo nosso amor ao FC Porto.»

«Tive a felicidade de nos meus mandatos, as minhas equipas vencerem 2058 títulos. Quero agradecer aos treinadores e aos atletas que me ajudaram nesta luta, por terem vivido uma carreira de paixão no FC Porto. É a eles que devemos esses títulos e devemos estar agradecidos», continuou, focando-se depois nos títulos conquistados pela equipa de futebol.

«68 títulos em futebol, sete internacionais, mais do que todos os clubes portugueses juntos, que não conseguem chegar nem perto desse número. Por isso é que sou candidato à presidência e não posso deixar de referir as minhas quatro palavras para definir o que é ser do FC Porto: rigor, competência, paixão e ambição.»

Assim, Pinto da Costa recordou alguns dos dirigentes que tinham estas características: «Quero lembrar alguns dos meus queridos dirigentes que não estão presentes: Reinaldo Teles, Armando Pimentel são exemplos do que é ser do clube e servir o FC Porto.»

O dirigente de 86 anos recordou depois: «Nós explicámos que apresentámos aquele saldo negativo para resistirmos ao ataque que nos foi feito para nos levarem o Diogo Costa e o Pepê, por exemplo. Apresentámos o saldo negativo, sabendo que no final do ano a situação estaria invertida e teríamos capitais próprios positivos.»

Pinto da Costa direcionou depois outro ataque a Villas-Boas e à sua candidatura: «Desde que cheguei, nunca tive um momento de desafogo financeiro. Mas nos imensos momentos de dificuldades que tivemos, o mais custoso foi o do Dr. Angelino Ferreira que foi responsável pelas finanças do FC Porto [entre 2010 e 2014], porque estivemos meses sem pagar salários aos nossos trabalhadores, isso é que me doía a alma.»

Angelino Ferreira é apoiante da candidatura de Villas-Boas, que já afirmou que gostaria de contar com o mesmo na sua direção, caso fosse eleito.

Pinto da Costa colocou depois os olhos no futuro e revelou detalhes que quase puseram em risco a vinda de Otávio para o FC Porto, no último dia do mercado de inverno.

«Os troféus que já ganhámos pertencem ao museu, mas temos de olhar para a frente, olhar para o futuro e ganhar mais do que já ganhámos. Estamos a preparar o futuro e por isso é que esta semana renovámos até 2028 com Galeno, Danny Namaso, o guarda-redes da equipa B [Francisco Meixedo], contratámos o Otávio, porque era uma lacuna que faltava nos nossos centrais. O jogador recebeu uma proposta para ir para o Dubai, mas manteve a palavra e veio para o FC Porto.»

Pinto da Costa reiterou também a intenção de construir o centro de estágios do clube: «Ter atenção à modernização e à rentabilização do estádio para levarmos a cabo o que temos de fazer e construir o nosso centro de estágio na Maia, que será lá, apesar das várias tentativas de boicote.»

Concluindo, Pinto da Costa também afirmou: «Este será o meu último mandato, sem dúvida, mas vou cumpri-lo até ao fim.»

«Tenho total confiança no futuro. Era muito prático chegar a esta altura e dizer basta. Ia viver dos louros de tudo o que conquistámos. Mas não. Não fui no canto da sereia. Estou aqui para guiar o FC Porto. Não sou o presidente dos presidentes. Sou o presidente do FC Porto, de todos vós, porque me elegeram e pretendem que eu continue.»

Antes de terminar, Pinto da Costa revelou ainda outro adversário que sempre terá enquanto for presidente do clube.

«Aqui, o FC Porto será sempre o dono da SAD do FC Porto. Quando se iniciou, em 1999, a criação da lei da SAD, o FC Porto tinha apenas 40% do seu capital. Hoje, temos 74%. E não conseguirão, para vender o seu lote de ações, meter-nos aqui alguém a negociar, para fazer negócio e levar o clube a perder percentagem na sua SAD. Ninguém entra no FC Porto sem serem portistas de coração que comprem ações e queiram estar mais ligados ao clube.»

Concluindo, Pinto da Costa deixou uma mensagem bem clara «Quero que fixem bem, não como um slogan, mas como um estado de alma: todos pelo Porto. Se assim for, o Porto será maior, tanto o clube, como a cidade e o próprio país, porque a palavra Portugal nasce do Porto. Viva o FC Porto!»