Sporting perdeu pela primeira vez nesta pré-época com um novo sistema de Rui Borges

Os melhores e os piores do Sporting: dois maestros numa orquestra por afinar

Rui Borges lançou novo sistema e foi notória alguma falta de rotinas. A nível ofensivo a equipa viveu da inspiração de Pedro Gonçalves (ele sim o camisola 10...) e imprevisibilidade de Trincão que também foi ali testado. Onze sem reforços, Kochorashvili com sinais positivos e Alisson tímido na primeira aparição pública

Rui Silva 
Blindado. Primeiro teste ao vivo com trabalhos forçados. Sem espaço (nem tempo) para relaxar sendo obrigado a aplicar-se em várias ocasiões. Evitou males maiores na primeira parte travando lances de golo iminente a Maeda (5’, 9’ e 42’), Idah (25’) e Nygren (32’). Bela estreia ao ‘vivo’ dando continuidade à consistência da última época. 

Fresneda 
Difícil. Anular a objetividade e profundidade de Maeda não foi fácil. Longe disso. O lateral espanhol bem arriscou algumas subidas, mas essa ambição ofensiva acabou por abrir espaços no corredor que colocaram o leão em apuros. Nota positiva para a frescura física.  

Eduardo Quaresma 
Popular. É um dos mais acarinhados pelos adeptos. Audaz na forma como tenta transportar a partir de zona recuada, com pormenores de classe na recepção, na forma como trata a bola. Problema? A jogar a dois no eixo obriga a maior facilidade de processos, com menor risco. É algo que terá de aprender neste sistema.  

St. Juste 
Oscilante. A qualidade está toda lá. Velocidade, capacidade de leitura dos lances, técnica apurada. Acabou traído pela falta notória de rotinas, no entendimento com Eduardo Quaresma, mas também na imprudência (isso não é novo...) no penálti cometido sobre Jhony Kenny.  

Matheus Reis 
Fiável. Um dos mais identificados com as funções. Lateral-esquerdo, com consistência defensiva e critério ofensivo. Seguro a fechar o flanco e até esteve perto de marcar (13’) após excelente cruzamento de Pedro Gonçalves.   

Hjulmand 
Pêndulo. Com assertividade no passe, sem se expor ao risco, a procurar ligar o jogo com o quarteto mais ofensivo, equilibrou a equipa durante os 59 minutos em campo. Peça decisiva na recuperação defensiva como ficou evidente num lance (17’) em que emendou uma perda de bola comprometedora de St. Juste.  

João Simões foi um dos que mais impressionou, sobretudo na primeira parte
João Simões: vai mesmo querer agarrar o lugar!
Maior. Em quase tudo. Ganhou capacidade física, uma ocupação dos espaços mais abrangente, excelente coordenação com o ‘patrão’ Hjulmand no miolo. Excelente regresso, com boas indicações, a marcar posição. Ambicioso no último terço (com remate de longa distância) quase marcou aos 18’ e aos 40’, aqui num remate cruzado.  

Trincão 
Maestro. Número 2. Iniciou o jogo numa zona central, a 10’, segundo avançado, andando em constante rotação na troca de papéis com Pedro Gonçalves. Esteve uns furos abaixo deste último, sobretudo porque foi obrigado a recuar muito para iniciar a construção.   

Pedro Gonçalves foi testado a 10 e deixou boas indicações (CARLOS VIDIGAL)
Pedro Gonçalves: uma espécie de 'faz-tudo'
Maestro. Número 1. Uma espécie de faz-tudo no campo. Para frente, para trás, nos espaços mortos, sempre com a intenção de ter bola para poder decidir. Capacidade de decisão que originou os melhores períodos do leão. A forma como abriu espaços com passes sublimes (a Matheus Reis, aos 13’ e Geny Catamo, 40’) podem resolver jogos, mas numa orquestra ainda algo desafinada é preciso tempo...  

Geny Catamo 
Inadaptado. O problema mantém-se. A jogar como extremo, sempre colado à linha, na esquerda, não permite que possa desequilibrar como gosta. Esteve muito ativo, ligado à corrente, mas faltou-se maior (e melhor) definição no último passe. 

Rodrigo Ribeiro 
Disponível. Uma das surpresas no onze a ocupar a vaga de... Gyokeres. Correu, lutou muito, sempre com disponibilidade física, com um remate (19’) a levar algum perigo.   

SUPLENTES

Franco Israel 
Azarado. Os astros não estão com ele. Entrou para a segunda parte e nem chegou a aquecer. Penálti e um golo sofrido (com muita falta de sorte à mistura...). Pouco depois, numa transição ofensiva dos escoceses sofreu o segundo sem culpas...   

Harder 
Focado. Apenas e só na baliza. Sente-se a ansiedade e a necessidade que lhe percorre o corpo em marcar. Quase uma obsessão. Quer ir a todas as bolas quando a prudência obrigava a outro tipo de movimentações. Ainda atirou uma bola ao ferro e um remate por cima (90+2’).    

Kochorashvili entrou na segunda parte e mostrou-se muito comunicativo com os colegas
Kochorahvili: um lapso e sinais (muito) positivos
Reforço. Primeira nota: é comunicativo com os colegas, dinâmico nas manobras ofensivas, uma visão de jogo apurada (excelente passe para Fresneda aos 63’!), destemido, assumir o jogo e a ter bola. Estes os pontos positivos em pouco mais de meia hora de jogo. Negativo? Foi na origem de uma subida arriscada que perdeu a bola e desprotegeu a equipa no lance que originou o 2-0. Mas, globalmente, positivo.   
Alisson foi aposta na etapa final mas andou muito escondido
Alisson: tímido sem se expor ao erro
Timido. Deixou marca nos primeiros testes de pré-época com golos (mas sempre à porta fechada). Hoje foi a primeira aparição pública e, talvez por isso, mostrou-se mais receoso e discreto. Tem boa passada com bola, pujança física, extremo puro que pode encaixar com facilidade neste sistema. 

David Moreira 
Curto. Os minutos para mostrar serviço. Duas ou três ocasiões para ter bola, mas sem consequências práticas. 

Bruno Ramos 
Testado. Poucos minutos, mas mais uma prova de confiança de Rui Borges ao ir a jogo. 

Rayan Lucas 
Imponente. Destacou-se, sobretudo, pela robustez física. Sem tempo para brilhar mas com perfil para ganhar espaço como médio defensivo.