Um golo bastou ao Benfica para conquistar a Supertaça
Um golo bastou ao Benfica para conquistar a Supertaça

Sporting-Benfica: o aleatório que alimenta o dérbi

Os últimos cinco dérbis foram, além de mal jogados, bastante equilibrados. Em todos os confrontos a vitória poderia ter caído para o outro lado e continuado a ser natural. É o futebol que (hoje) temos

A nova época começou mais ou menos como a anterior acabou. Com aqueles ses que nada significam para quem se alimenta de factos, porém sublinham quão ténue é, tantas vezes, a fronteira entre o sucesso e a desilusão.

O Benfica venceu a Taça da Liga nos penáltis e, não sendo a tal lotaria com que se deixou de adjetivar esses desempates, cada desfecho continua a apresentar-se como um thriller. Talvez por isso, a sorte, mais à frente, tenha sentido que tinha compensar os leões. Uma bola, atirada por Pavlidis, esbarrou no poste e retirou as águias o contexto de autossuficiência em Braga e, como se não bastasse, no Jamor, estas viram a Taça escapar-se-lhe entre os dedos, já nos descontos, na impotência perante o arranque de Gyokeres. O Sporting conquistou esses dois troféus, mas paira no ar uma sensação de aleatório que não é de hoje.

Numa partida mal jogada — e se os principais candidatos jogam assim, que amostra fornecerão os outros para os poucos mercados que possam ter interesse no nosso campeonato —, o Benfica conquistou a Supertaça, depois de o Sporting ter sido campeão e festejado no Jamor, no entanto, se os papéis se invertessem acabaria, de uma maneira ou de outra, por também fazer sentido.

Mais ou menos proativos, com mais ou menos oportunidades criadas, Benfica e Sporting estão próximos um do outro. E, enquanto o mercado continuar assim, FC Porto e SC Braga podem reaproximar-se, quando há meses havia um abismo entre todos. A saída de Gyokeres não ajuda os leões e, com mais um ou dois criativos que se possam juntar ao atual maior candidato a melhor jogador da Liga, Pavlidis, e uma abordagem mais abrangente no ataque, não há porque os encarnados não possam crescer.

Já os leões parecem mais presos a si próprios. É que o Sporting não foi assim tão melhor, como diz Rui Borges, ainda que tenha chegado com facilidade ao último terço devido à qualidade individual e espaços concedidos entre setores. Mas bloqueou aí e o rival não.

Lage não apagou também as dúvidas que pairam sobre a abordagem enquanto técnico de equipa grande. Se é que para alguém faz sentido lançar um trinco para junto do avançado só para pressionar mais à frente, comprometendo a progressão em apoio. No que diz respeito a Borges, as conquistas apenas adiaram as nuvens negras. E parece ter de repensar o esquema: tirar espaço de manobra aos melhores não contrariará a lógica?