Num deserto de ideias, lá apareceu o Oásis Samu (crónica)
O primeiro jogo de preparação do FC Porto para o Mundial de Clubes trouxe ao Estádio Mohammed V, em Casablanca, mais de 50 mil adeptos. Esse é o primeiro ponto a destacar. Aliás, a festa nas bancadas foi mais memorável do que o espetáculo dentro das quatro linhas. Um golo de Samu selou o triunfo por 0-1 do FC Porto, que na segunda parte desceu de rendimento e não conseguiu fazer um único remate à baliza de El Motie. Era um treino, sim, e uma vitória é sempre animadora, mas houve meio FC Porto, quando se esperava um FC Porto por inteiro. Depois do intervalo, só houve um destino, o da baliza de Diogo Costa...
O Wydad AC, campeão da Liga dos Campeões de África em 2022 e adversário do City, Al Ain e Juventus no Mundial de Clubes, entrou em campo impulsionado pelo apoio fervoroso do seu público. Contudo, apesar de algumas oportunidades criadas, muitas delas decorrentes de erros do FC Porto, a equipa marroquina não conseguiu apresentar um futebol refinado ou de grande detalhe. Na primeira parte, a partida foi, em grande medida, mal disputada por ambas as equipas. O FC Porto dominou na posse de bola, mas não conseguiu criar perigo efetivo perante um adversário com evidentes dificuldades na construção de jogo. Para compensar essas fragilidades, o Wydad apostou em lançamentos longos para explorar a velocidade de jogadores como Rayhi e Lorch, tentando surpreender uma defesa portista que também demonstrou alguma permeabilidade. Numa dessas jogadas, Obeng, ex-Casa Pia, apareceu cara a cara com Diogo Costa após um passe de Rayhi, mas o guarda-redes portista brilhou com uma defesa acrobática que evitou o golo.
Após a paragem para hidratação e as orientações de Martín Anselmi, o FC Porto conseguiu finalmente chegar ao golo, num momento que se destacou como um verdadeiro oásis no deserto. João Mário protagonizou uma jogada rápida pela direita e cruzou com precisão para Samu, que se antecipou aos defesas e finalizou com qualidade, garantindo o único golo da partida.
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— sport tv (@sporttvportugal) May 31, 2025
Nem um remate na 2.ª parte!
Na segunda parte, Otávio, Nehuén Pérez e Gonçalo Borges foram os primeiros a ser lançados por Anselmi. No entanto, a verdade é que o FC Porto acabou por ceder o controlo do jogo aos marroquinos. Em ritmo de treino, os azuis e brancos pareciam acusar a agressividade do adversário nos duelos individuais. As restantes substituições, com destaque para o regresso de Vasco Sousa após três meses de recuperação de lesão, contribuíram para uma menor definição da identidade portista em campo.
E tanto assim foi que o FC Porto não fez um único remate nesse período, deixando o guarda-redes El Motie a assistir tranquilamente ao jogo. Se a ideia era testar a resiliência defensiva do FC Porto, isso foi conseguido. O Wydad ameaçou a baliza de Diogo Costa em várias ocasiões, mas faltou precisão (e algum talento) para concretizar o empate. Um aspeto que continua a suscitar preocupação é a fragilidade defensiva dos portistas em lances de bola parada. Este problema pode revelar-se particularmente crítico no Mundial de Clubes, especialmente frente ao Palmeiras, adversário que marcará a estreia dos dragões na competição. Erros da magnitude dos cometidos em Casablanca poderão custar muito caro num contexto de maior exigência. De recordar que os marroquinos defrontaram o Sevilha na passada terça-feira, num jogo que perderam por 1-0, o que lhes conferiu um nível de rotina competitiva distinto. Mesmo assim, esperava-se mais FC Porto e não se esperava, de todo, o FC Porto da 2.ª parte.