Noventa minutos iguais a três mil do campeonato (crónica)
Um adversário (Sylla) na perseguição a Gyokeres; foi assim na jornada 34 como nas outras 33 (Miguel Nunes)

Sporting-Chaves, 3-0 Noventa minutos iguais a três mil do campeonato (crónica)

NACIONAL18.05.202421:41

Sporting intenso, sôfrego, dominador e goleador como quase sempre na Liga; chegou aos 90 pontos, 96 golos e 17 vitórias em Alvalade

O Sporting foi, de novo, imperial. Tão imperial como em mais de 90 por cento do campeonato. Retirando 60 minutos do jogo de Vila da Conde, os primeiros 60 no Dragão, os últimos 15 em Guimarães e a compensação na Luz, o leão que venceu a Liga foi igualzinho ao leão que defrontou o Chaves: intenso, sôfrego, dominador e goleador. Talvez ontem lhe tenha faltado apenas carregar um pouquinho mais no acelerador para, defrontando o último classificado e reduzido a dez homens em cima do intervalo, tentar chegar à centena de golos na Liga. Ficou a quatro.

Rúben Amorim atacou o último jogo deste campeonato como se destes três pontos dependesse a vitória na Liga 2023/2024, excluindo a presença, presume-se que simbólica, de Neto no onze inicial. De resto, máxima força. A oito dias da final da Taça de Portugal, o treinador dos leões poderia ter dado algum descanso aos mais desgastados para lhes permitir chegar ao Jamor mais descansados. Poder podia, mas não quis. Em cima da mesa estavam alguns detalhes que poderiam enriquecer ainda mais a já belíssima vitória no campeonato: chegar aos 90 pontos, ganhar os 17 jogos em casa, sublimar o avanço para o segundo classificado e, por último, embora bem complicado, uma vez que era preciso marcar sete golos, tentar chegar aos 100.

O jogou começou com um desvio de cabeça de Gonçalo Inácio ao poste esquerdo da baliza de Gonçalo Pinto, mas, nos minutos seguintes, o Chaves conseguiu sacudir a pressão do campeão e, embora sem criar perigo junto de Diogo Pinto, levou muitas bolas até bem perto da área leonina. Porém, como tantas vezes aconteceu nesta época, quando o adversário se esticava, o Sporting pausava o seu jogo e, de repente, lançava a bola, em profundidade, para a corrida de Gyokeres. Não estava resultar, até que Guima, após tentativa de cruzamento de Morita, comete grande penalidade, por mão na bola: o sueco fatura, finalmente. Pouco depois, rotação perfeita de Gyokeres à entrada da pequena área e remate fulgurante para o 2-0. Vantagem tranquilizadora para garantir a 17.ª vitória em casa na Liga e 29.º golo do sueco na Liga, Bola de Prata, sossegadinha, no bolso do homem de Estocolmo.

Faltavam 53 minutos para terminar o jogo e, na perspetiva leonina, seria interessante pensar nos 100 golos. Complicado, sim senhor, mas não impossível. Com o Boavista, por exemplo, na jornada 26, há apenas dois meses, o Sporting ganhara por 6-1, marcando após o intervalo cinco dessa meia dúzia de golos. Para ajudar essa eventual tentativa, o nigeriano Junior Pius viu o cartão vermelho em cima do intervalo e o Chaves ficou reduzido a dez homens. Havia, pois, 45 minutos por jogar e cinco golos para tentar marcar. Só por uma vez (123 em 1946/1947) o leão chegara aos 100.

Moreno estava insatisfeito e trocou três ao intervalo, até para equilibrar a perda de Pius: Guzzo por Sandro Cruz, Ygor Nogueira por Bruno Rodrigues e Leandro Sanca por João Correia. Amorim respondeu com uma troca: o já amarelado Hjulmand por Paulinho.

Quando este marcou logo ao minuto 55, subindo o marcador para 3-0, ficavam a faltar quatro golos e 35 minutos para que o tal Sporting, intenso, sôfrego, dominador e goleador, pudesse mesmo atacar a centena. E assim continuou o leão: intenso, sôfrego e dominador, mas já não goleador. Gyokeres parou aos 29 e o Sporting parou aos 96. A época foi brilhante, mas ainda mais brilhante foi a segunda volta: 56-12 nos últimos 17 jogos.