Três factos, três conclusões
Facto 1: as claques do Benfica (sim, claques, não grupos de adeptos) usam e abusam do arremesso de objetos pirotécnicos;
Facto 2: há muito tempo que as águias estão na mira das entidades, também a nível internacional (basta recordar que o Benfica foi castigado com um jogo à porta fechada, mas com pena suspensa, entre 2015 e 2017, após os distúrbios no Vicente Calderón, no jogo com o Atlético Madrid, para a Liga dos Campeões);
Facto 3: o Benfica alega que se esforça por prevenir situações como a que se verificou no Estoril e que levou à condenação por parte do Conselho de Disciplina com um jogo à porta fechada (o SC Braga e Paços de Ferreira também foram penalizados);
Conclusão 1: há claramente um apertar da malha relativamente ao comportamento dos adeptos dos emblemas de futebol e castigar o maior clube português tem um significado político óbvio: lembra os xerifes no velho Oeste americano a anunciarem a chegada de uma nova ordem à cidade.
Conclusão 2: é de esperar que a partir de agora surjam mais castigos exemplares, sob pena de entrarmos numa perigosa e nefasta ambiguidade que deixará os adeptos (os que não são de claques) com (ainda) mais dúvidas sobre o peso e medida certos para situações do género (estamos recordados, por exemplo, de um Sporting-Benfica ter começado mais tarde por arremesso de tochas para o relvado, em direção a Rui Patrício).
Conclusão 3: é um atentado à inteligência o Benfica apontar culpas ao clube da casa (no caso, o Estoril) como «promotor do espetáculo desportivo», com a incumbência de impedir a entrada de material pirotécnico; seria o mesmo que os encarnados assumirem a culpa, por exemplo, pelo incêndio provocado por adeptos do Sporting na Luz, em 2012.