Reinaldo Teixeira, presidente da Liga Portugal, e Pedro Proença, presidente da FPF - Foto: Liga Portugal

Se o Governo mete mão nisto...

Se o futebol português não se consegue empenhar em algo que devia ser de todos, se permitir que o Governo faça uma intervenção que não quer, como pode querer o resto?

Lá no final de tudo está a mão do Governo. A Lei é clara e está escrita para todos perceberem. Liga e Federação devem apresentar uma proposta conjunta sobre a centralização dos direitos televisivos, a entrar em vigor quando o decreto-lei obriga: 2028/29. Também está lá escrito que o Governo terá o poder de decisão, caso nada seja feito, ou nada se conclua, melhor dizendo, até porque há a promessa da Liga Portugal de Reinaldo Teixeira de tentar fazer agora o que, pelos vistos, não fora feito nos últimos anos sobre o tema.

Ninguém sai impune disto. É mau, dá sinal de um futebol que, mesmo quando se trata da própria sobrevivência, não se entende.

Nunca será fácil encontrar uma chave de distribuição que agrade a todos, senão o assunto estava tratado, mas por outro lado é muito fácil perceber que os valores anunciados em primeira mão são impossíveis de alcançar.

Há muita matéria escrita sobre a centralização, um dos temas que tem passado pelas páginas de A BOLA com recorrência e por vários intervenientes (um exemplo): o atual presidente da Liga, quando ainda era candidato, o seu opositor, quem concorreu à Federação contra Proença, quem é candidato ao Benfica, consultores, advogados e até meros adeptos. Ninguém pode dizer, portanto, que desconhecia o tema, ideias várias sobre o mesmo, e, não menos importante, a Lei que impõe a obrigatoriedade da coisa.

A centralização de direitos de TV é uma coisa tão grande que mexe com as operadoras, donas elas dos direitos existentes até aqui. Aliás, mexe com empresas de media também, de forma direta — o que farão Sport TV, DAZN, e quem tem detém canais de TV? — e indireta através de um possível menor investimento numa indústria cuja existência, não o ignoro, é a razão pela qual também existem publicações de desporto, entre elas este jornal.

O futebol português tem razão em pedir um IVA para a bilhética reduzido, mais de acordo com outras atividades; o futebol português tem razão em pedir apoio para infraestruturas, porque são elas que levam a uma melhor prática desportiva e onde houver um estádio poderá haver um pavilhão; o futebol português até poderá ter alguma razão em discutir um IRS diferente para os seus atletas.

Mas se o Governo tiver de intervir numa coisa em que todos deveriam estar empenhados e de acordo, querem o quê, afinal?