Oportunismo e ingratidão (editorial)
Fouzi Lekjaa, Fernando Gomes e Pedro Rocha reuniram em Lisboa (Foto FPF)

Oportunismo e ingratidão (editorial)

OPINIÃO21.10.202309:36

O futebol vai prestar mais um serviço ao País, que continua a penalizá-lo fiscalmente

Portugal vai ser uma das sedes do Campeonato do Mundo de 2030, juntamente com Espanha e Marrocos (participações de Uruguai, Argentina e Uruguai são simbólicas, assegurando 3 dos 104 jogos do evento) e os custos desportivos para o nosso País serão de somenos, embora do caderno de encargos do Governo decorram melhorias estruturais nos sistemas rodoviário e ferroviário, além de garantias a serem dadas pelos sistema de Saúde, pela Segurança Interna e pela Hotelaria. Destas melhorias decorrerão custos, mas não haverá alguém que, no seu juízo perfeito, considere tratarem-se de despesas e não de investimentos.

Sejamos absolutamente claros: Portugal apenas tem um estádio que pode albergar uma meia-final, a Luz, enquanto que Espanha e Marrocos se batem pela final.

Os espanhóis, que tinham por certo o jogo decisivo em Madrid, no novo Bernabéu, um projeto futurista apadrinhado por Florentino Pérez, para 81.044 espectadores, vêm-se agora ameaçados pela disponibilidade de Marrocos construir, nos arredores de Casablanca, um estádio ainda melhor, para 113.000 adeptos, que seria o segundo maior do Mundo, atrás do anfiteatro de Pyongyang, na Coreia do Norte. Mas Marrocos, que vê neste mundial uma possibilidade de modernização e aprofundamento do turismo, está disponível para remodelar outros cinco estádios, até às «5 estrelas», para ter mais uma sede, ambição que a Espanha deverá contraditar com elementos semelhantes. De qualquer forma, e sabendo que o investimento nas infraestruturas portuguesas não será significativo, o retorno, tangível e intangível, representará um novo salto quântico para o nosso País. Perante esta oportunidade ganha para Portugal por Fernando Gomes (e seria injusto se não referisse o nome de Tiago Craveiro), este deverá ser um momento de consenso, que não pode ser prejudicado por estratégias partidárias ou outras, que podem visar metas egoístas, mas não levam em linha de conta o interesse do País. Aliás, de um País político que se tem servido do futebol para ficar bem na fotografia, mas que, ao mesmo tempo, foge a sete pés das responsabilidades que devia ter com quem aporta mais-valia a Portugal, recusando nivelar a carga fiscal, pelo menos ao nível médio que é praticado na UE. Assim, soa a oportunismo e ingratidão.