O Sporting esperado e o Benfica que ganha a sofrer sem crescer

Encarnados vão ganhando, mas parecem caminhar à beira do precipício, fruto de má construção do plantel e da incapacidade de anular fraquezas. Leões continuam a tentar sobreviver às lesões

Era mais ou menos esperado, após a primeira mão, que o Sporting não conseguisse vingar em Dortmund e dissesse adeus à Liga dos Campeões. Ao deixar Gyokeres e Trincão de fora da viagem à Alemanha, Rui Borges confirmou a teoria de gestão, ainda que o cumprir de calendário se tenha tornado penalizador assim que surgiram as queixas de Morten Hjulmand, embora já estivesse suspenso para a Vila das Aves, e João Simões, com ambos a terem de sair de campo após entorses.

Rui Silva, entretanto, segurou mais uns pozinhos para o ranking com defesas brilhantes e um penálti parado a Guirassy, num adeus inócuo para os leões, que acabaram a lançar jovens para a experiência de uma vida no Westfalenstadion. As lesões não param e, esse sim, é mais um sinal de alerta numa equipa que tem dado alguns sinais menos positivos nos últimos tempos. Apesar do estancar da crise, ainda não se terá reencontrado a solidez em Alvalade.

O Benfica cumpriu e seguem-se os oitavos, que irão trazer Liverpool ou Barcelona a duas mãos. Os encarnados teimam por ir sobrevivendo entre competições – embora agora, na Champions, o sonho se torne de uma dimensão esmagadora –, sem mostrar evolução no seu jogo, embora se consiga perceber porquê.

Há muito que a política desportiva do clube não encaixa nas fragilidades da equipa, instável na construção, no reter da bola sob pressão e no ataque posicional e ocupação de espaços em largura e profundidade, desde que o adversário tente expô-lo nessas dinâmicas.

As águias são incapazes de colocar gelo no jogo porque não possuem esse perfil de jogadores no plantel e o treino, seja ou não uma fase de calendário sobrelotado, tem sido incapaz de trazer melhorias. Quantas vezes, antes e durante o encontro da Luz, se pensou que esse era o caminho, e depois estavam Barreiro, Kokçu e Aursnes, Schjelderup, Pavlidis e Akturkoglu em campo? Demasiadas, acredito. Aqui, a culpa não será só de quem contrata, mas também de quem traça o perfil dos reforços. Ou os aceita.

Sim, por cá o Benfica pode ser campeão. Ganhou o direito de depender de si próprio, que divide com o Sporting. Mesmo com todos estes problemas que se enumeram após praticamente todos os encontros, e com uma comunicação condizente com o caos que por vezes se observa em campo. Não há volta a dar: o campeão será sempre o menos mau, a partir do momento em que Ruben Amorim decidiu fazer as malas e partir.