Não contem comigo para festas da Taça como estas
Acredito que não vai ser possível, por questões de segurança, jogar no Albano Martins Coelho Lima. É a nossa casa, onde gostamos de jogar, mas vamos ter de encontrar outro espaço para esse jogo.
Rui Machado, presidente do Pevidém, sobre o duelo com o Benfica, no dia do sorteio da Taça
A Federação Portuguesa de Futebol introduziu há anos ideia bem interessante para a primeira eliminatória da Taça de Portugal na qual participam os clubes do primeiro escalão (já usada noutros países): esses clubes ficam obrigados a jogar fora nessa ronda e sempre contra equipas de divisões inferiores.
O objetivo é levar a festa da Taça a todo o Portugal, e a terras que habitualmente o futebol profissional não visita. O objetivo foi parcialmente alcançado. Daqui a semana e meio teremos, por exemplo, um Anadia-Estrela da Amadora, um Lagoa-Famalicão ou um Maria da Fonte-Arouca. O problema é quando os jogos envolvem Sporting, Benfica ou FC Porto.
Logo no dia do sorteio, o presidente do Pevidém avisou que o campo do clube não teria condições para receber a partida com o Benfica, por motivos de segurança. A isso há a juntar as condições necessárias para transmissões televisivas (para não falar que jogar num estádio maior dá mais receita...). E por isso o Pevidém-Benfica vai ser em Moreira de Cónegos e o Sintrense-FC Porto na Amadora, dois estádios de liga.
Não critico as opções, por vezes contrariadas, dos clubes, mas perde a festa da Taça e perde-se o espírito dos regulamentos. Não faria mais sentido, em casos em que o campo do clube de divisão inferior não tem condições para receber o jogo, mudá-lo para o estádio da equipa visitante? Se eu jogasse no Pevidém, preferia claramente defrontar o Benfica na Luz do que em Moreira de Cónegos, e a receita também seria maior.
Há quase 30 anos, em 1995, estive num Campo Alfredo Marques Augusto cheio que nem um ovo para um Olivais e Moscavide (então na 2.ª Divisão B, o terceiro escalão do futebol português)-Sporting, dos quartos de final da Taça. Os tempos eram outros, claro, e nem todos os jogos do Sporting tinham de dar na televisão. E nem todos os lugares no estádio tinham de ser sentados – em tardes de verão, um dos melhores lugares do campo para ver a bola era atrás da baliza sul, numa colina, que tinha a sombra duma árvore, e ficar de pé ou sentado no chão era mais confortável do que a pedra da única bancada (depois fizeram uma segunda…). Nessa tarde duma quarta-feira tudo correu bem, não houve problemas, e os adeptos do Olivais e Moscavide puderam ver o Sporting (com Figo, Sá Pinto, Capucho ou Oceano, entre outros) onde um mês antes tinham recebido o Fanhões. Na época passada, no reencontro entre os clubes na Taça, o jogo foi na Amadora.
Aquela, a de há 30 anos, é a minha festa da Taça. Para estas, de agora, não contem comigo.