Muita paciência e ainda mais resiliência
O vírus anda por aí como ainda não tinha andado. São os números que o dizem e não há nenhuma perspetiva, mantendo-se a ideia de recusar novo confinamento, de que a situação não venha a agravar-se nos próximos meses. O único sinal de esperança chega-nos da perspetiva de termos, até ao final do ano, uma vacina que nos livre deste pesadelo, e as recentes palavras do sempre muito cuidadoso diretor da OMS, Tedros Adhanom, que credibilizam essa possibilidade, funcionaram como um revigorador do otimismo.
Relativamente aos idos de março e abril, a principal diferença está no número de pessoas, cada vez mais próximas, de quem se sabe estarem infetadas; e, a continuar assim, e porque o problema não é apenas português, as palavras da chanceler Merkel, quando antecipou que 70 a 80 por cento da população alemã pudesse vir a ser contaminada, ganham acuidade acrescida.
No que ao desporto diz respeito - e nem sequer refiro a questão do regresso dos espectadores aos estádios, tão manifestamente inofensiva desde que cumpridos os cuidados exigidos - a pergunta pertinente é esta: até onde será possível resistir?
Até agora, com maior ou menor impacto, tem sido possível levar por diante as competições mais relevantes, sacrificando, contudo, o desporto de base de uma forma que levará vários anos a recuperar. No golfe ou no ténis, casos pontuais têm sido identificados através de uma triagem exaustiva e colocados em quarentena, no ciclismo o Tour e a Volta decorreram livres de Covid-19, mas no Giro já houve um ciclista positivo, Simon Yates, o que lançou o pânico no pelotão, e no futebol o impacto do cancelamento (ou adiamento?) litigioso do Juventus-Nápoles foi o ponto mais alto de uma situação que está cada vez mais periclitante. Os recentes casos positivos dos franceses Anthony Lopes e José Fonte, englobados nos trabalhos da Seleção Nacional (e antes tinha sido outro gaulês, Renato Sanches, a aparecer infetado), fizeram com que soassem os alarmes e, pela mediatização, sentíssemos ainda mais a proximidade do perigo. Aqui chegados, é preciso mais um pouco de paciência, muita resiliência e esperar que o etíope Tedros Adhanom tenha razão e que o ano de graça de 2021 fique conhecido como O Ano da Vacina.