De ‘regista’ a estratega

OPINIÃO27.08.202107:05

Só tem a ganhar se chamar um número de sócios externos ao poder instalado

ULTRAPASSADO o obstáculo neerlandês que permitiu a entrada na  Champions, a SAD benfiquista ganha lufada de ar fresco financeira de trinta e muitos milhões. Ora, caminhando sobre as contínuas brasas largadas pelo afastamento abrupto de Luís Filipe Vieira, esta foi a segunda barreira desportiva derrubada e a terceira no geral se considerarmos o cumprimento mínimo do empréstimo obrigacionista lançado para o próximo quadriénio. Sem grande possibilidade de cravar o seu cunho pelo escasso tempo volvido desde a reforma desportiva forçada do ex-presidente, Rui Costa tem passado a custo nos testes da posição que assumiu. Entre outros tópicos que só ele e a sua futura entourage conceberão como essenciais à manutenção da sua sobrevivência neste mandato composto por nomes que não foram por si escolhidos, a partir de 1 de setembro chega a hora de se focar na tal audição por ele prometida de ouvir as mensagens dos sócios. Um mecanismo que resulta dos Estatutos do Clube, estranhamente criado mas expectavelmente ignorado pelo seu predecessor, reside no Conselho Estratégico previsto nos artigos 71.º e 72.º. Podendo ser composto até ao máximo de 20 sócios efetivos a designar pelo próprio presidente, seria interessante ver este órgão com funções consultivas cuja finalidade passa por recolher aconselhamento na definição de estratégias para o desenvolvimento das atividades clubísticas. Tal poderia incluir a discussão de todos os assuntos que o atual presidente da MAG continua sem querer ver, ouvir ou falar do lado da massa associativa que já cumpriu com as formalidades estatutárias que lhe são impostas há demasiado tempo. Imbuído do espírito passado de regista, com uma simples pitada de benfiquista e se quiser assumir-se como estrategista, Costa só tem a ganhar se chamar, sem medo, um número de consócios externos ao poder instalado para fazer a limpeza necessária. Há vontade?