Capitão da Seleção Nacional elogia percurso e atitude do selecionador

Da Luz a Munique: votos de (des)confiança

Roberto Martínez tem o lugar assegurado no pós-Munique, e não é por Pedro Proença. Rui Costa quer segurar o lugar até outubro, e tem legitimidade para o fazer, mas deve clarificar a sua intenção

Agora não restam dúvidas: o debate em torno da continuidade de Roberto Martínez está fora de prazo. Já estava, de resto, mas regressou à agenda por causa da mudança de presidente na Federação Portuguesa de Futebol.

Há um ano, sensivelmente, a discussão era bastante pertinente. Cair nos quartos de final do Campeonato da Europa não é propriamente uma vergonha, ainda para mais frente à França, mas as exibições da Seleção no torneio foram suficientemente pobres para questionar a evolução da equipa sob o comando do técnico espanhol.

Nos meses seguintes Roberto Martínez fez por justificar a confiança de Fernando Gomes, mas em março último teve a verdadeira prova de fogo. Proença tinha acabado de assumir a liderança da FPF e a Seleção até perdeu em Copenhaga, mas depois deu a volta à Dinamarca, em Alvalade, e garantiu a presença na final four da Liga das Nações.

A partir daí o selecionador ficou com a razão do seu lado. A desportiva, pelo menos. Não seria sensato prescindir de um treinador por causa de uma derrota frente à Alemanha, em solo germânico, numa meia-final. Pelo menos perante um desaire de dimensão normal, mais do que não seja dentro dos critérios do histórico de jogos naquele país. Como agora não poderá ser sensato prescindir de um treinador por causa de uma eventual derrota na final, frente a uma Espanha que é campeã da Europa (e da própria Liga das Nações, já agora).

Oxalá o desfecho de Munique seja outro, mas, mesmo no pior cenário, Roberto Martínez está seguro. A prova disso é que recebeu um voto de confiança inequívoco: não pelas palavras de Pedro Proença após o jogo com a Alemanha, mas pela forma como foi defendido pelo capitão Cristiano Ronaldo na antevisão do jogo de hoje.

Na Luz, por outro lado, o voto foi de desconfiança, com o orçamento do Benfica chumbado por 73,8 por cento da Assembleia. Mais um duro golpe para Rui Costa, já atacado por várias frentes — até por fogo que chegou a ser amigo — quando faltam quase cinco meses para as eleições. As explicações aos sócios não contrariam a sensação de fragilidade, mas o presidente do Benfica tem todo o direito de sentir que tem legitimidade para levar o mandato até outubro. Mesmo que esteja à espera de umas quantas vitórias nos Estados Unidos, ou de uns reforços sonantes. Não deve é ficar à espera disso para anunciar a sua intenção.