A acusação do Ministério Público na Operação Pretoriano analisada pelo advogado João Caiado Guerreiro

As lágrimas dos ‘Pretorianos’

'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa

Bastaram dois dias do julgamento da Operação Pretoriano para se perceber que todos os arguidos são, aos olhos deles, inocentes. De facto, até haver uma decisão da juíza e a sentença transitar em julgado, ninguém é culpado de nada, mas os factos que começam a surgir a público dão-nos uma imagem preocupante sobre o comportamento de uma minoria de adeptos, alguns sem vínculo associativo ao FC Porto, que para manterem os seus privilégios régios e o controlo sobre a venda de bilhetes não hesitava em recorrer à violência verbal e física sobre outros sócios.  

Isto acabou com a reformulação do protocolo com as claques feita pela SAD e a implementação de um sistema de venda de ingressos que privilegia os sócios mais assíduos aos jogos da equipa e desce a escada de uma forma lógica até chegar ao sócio que, por diversos motivos, só ocasionalmente vai ao Dragão.  

O circo montado à porta do tribunal, com lágrimas, quebras de tensão e a tentativa de driblar as provas, não serve de consolo a quem covarde-mente foi agredido na AG de 13 de novembro de 2023, mas pelo menos abre a estas vítimas a esperança de que a justiça cumpra o seu dever: condene quem merece ser condenado e ilibe quem entende que tenha de ser ilibado.  

Até à sentença, o FC Porto nunca viverá a paz que realmente deseja, porque a Operação Pretoriano é um tema que divide a família azul e branca – de um lado os que apoiaram Pinto da Costa, do outro os apoiantes de Villas-Boas. No entanto, não foi nada disso: foi violência pura e gratuita com premeditação e vergonhosas jogadas de bastidores.