Vasco Vilaça: «Senti que não estava na minha melhor forma, mas dei tudo o que tinha»
Como é que foi esta prova?
Foi excelente, uma experiência extraordinária. Foi, penso que a segunda vez que entro num Campeonato do Mundo, realmente, a lutar pelo pódio. Foi um momento muito especial, não só para mim, mas também para toda a equipa toda à minha volta, Federação, treinadores, mas também os meus colegas.
Sabia que o Miguel Tiago Silva (7.º na prova) e o Ricardo Batista (15.º) o iam ajudar?
Não, pelo contrário. Quando falei sobre isso com o selecionador nacional, tinha dito que queria fazer a minha prova e queria deixá-los fazer a prova deles. Eles também têm muito a ganhar, trabalham muito para os resultados deles e não queria de nenhuma forma que alterassem a prova deles e o resultado deles por minha culpa. Para mim, tocou-me bastante que eles fizessem isso, sem de nenhuma forma pedirem-me ou dizerem-me alguma coisa. Simplesmente, aceitaram e tiveram todo o gosto em fazê-lo e isso deixou-me bastante emocionado. Foi isso que fez o momento da medalha ainda mais especial.
A prova foi muito dura?
A prova foi muito dura. A época começou em fevereiro. Eu competi muito esta época e estava bastante cansado. É isso que é tão difícil com a finalíssima, é chegar lá com treino suficiente para esta prova olímpica. Senti, sem dúvida que não estava na minha melhor forma, mas foi lutar e dar tudo o que tinha e são nesses momentos em que, às vezes, é mais a cabeça do que as pernas. Foi muito duro, sofri muito, mas valeu a pena, sem dúvida.
E agora, pronto para as férias?
Agora, férias. Duas semanas de férias [risos]. E, depois, devagarinho, voltar ao trabalho, mas desde que acabei a prova, ainda não treinei mais. Agora, quero fazer outras coisas, relaxar. Queria ir à praia, mas não está o melhor tempo para isso agora, mas, sem dúvida, relaxar um bocadinho nestas próximas semanas.
Os seus pais estiveram em Wollongong, na Austrália, para a prova. Foi importante eles estarem lá?
Foi também muito especial. Ainda por cima, numa finalíssima que era tão longe, era tão caro tê-los lá e eles fazerem esse esforço para virem apoiar-me naquele momento, não só antes da prova, mas depois da prova, tê-los lá naquele momento é sempre especial. Foi um ano em que trabalhei muito, foi um ano em que sofri muito e, também, em que tive momentos muito felizes, mas tê-los lá para ter aquele abraço e aquele beijo no fim da prova, foi especial.
Este ano foi um bocadinho como um ensaio geral para os Jogos Olímpicos? Foi um ensaio geral que precisava?
Não diria que foi um ensaio, faz parte da carreira, faz parte do meu crescimento como atleta. Devagarinho, ano após ano, tenho conseguido subir nos rankings, ter cada vez mais resultados de alta qualidade no top mundial. Por isso, e pela primeira vez na série mundial, consegui chegar ao pódio. Agora é continuar este trabalho, porque não quero só um resultado bom, mas sim conseguir consecutivamente estar na frente destas provas para poder chegar daqui a três anos aos Jogos Olímpicos de Los Angeles, sabendo que, mesmo que haja imprevistos, mesmo que as coisas não sejam perfeitas, consigo estar na luta.
Tem noção que, com estes resultados, depois do quinto lugar nos Jogos Olímpicos de Paris, a pressão vai começar a subir a partir de agora?
Eu diria que a experiência de Paris foi muito importante para aprender a lidar com essa pressão já. A pressão que vem de fora não me importa tanto. Eu, em Paris, já tinha muito essa ambição e foi uma experiência muito importante para aprender a lidar com essa pressão minha também, para conseguir chegar mais relaxado e mais bem preparado a Los Angeles.
Essa volta ao mundo que tem que dar todos os anos, e que vai continuar a dar, torna-se melhor porque vai com pessoas como estas que estiveram agora contigo. Fica mais fácil fazer esse caminho tão solitário assim?
É difícil de dizer. Há coisas que são mais fáceis sozinho, outras coisas são mais difíceis sozinho, mas juntos somos melhores. Pode ser mais fácil eu ir treinar sozinho, mas ter companhia para treinar nos dias em que me estou a sentir menos bem, ter companhia nas provas em que não estou nas melhores condições, mas tenho um colega ao meu lado que sei que me consegue ajudar e sei que consigo seguir, faz toda a diferença. Não é ser mais fácil ou difícil, é assim sermos melhores juntos.