Rui Borges: referência perdida, reforços 'au point' e sistema para equipa ser mais capaz
Antes de responder às perguntas dos jornalistas, Rui Borges fez questão de endereçar palavras de condolências pela morte de Jorge Costa: «Deixar um abraço de conforto à família de Jorge Costa e à familia portista, tem sido um ano difícil para o futebol português.»
- Como está a equipa para o arranque da Liga. E em relação aos reforços, que planos tem para eles?
- A equipa está bem, tivemos uma boa semana de trabalho, foi uma resposta muito boa depois de não termos conseguido ganhar um troféu que queríamos e fizemos por merecer. Uma boa energia para o que será o jogo. São duas soluções para as laterais, ambos jogadores que já tínhamos identificado, o Vagiannidis já vinha referenciado. Acrescentar algum valor ao plantel para dar resposta às competições. Temos de ter cada vez mais soluções.
- João Pereira, treinador do Casa Pia, já disse esta quinta-feira que em relação ao jogo de amanhã quer ser protagonista. De De que forma o Casa Pia pode surpreender?
- É um Casa Pia que manteve uma base muito grande da época passada, uma equipa que apenas perdeu em casa cinco vezes, tirou pontos a Benfica e SC Braga. É uma equipa que fez a melhor época de sempre, está super motivada e é bastante equilibrada em todos os momentos. Não sofre muitos golos, bem organizada, à imagem do seu treinador. Temos de ter noção de que vai ser um jogo difícil contra uma equipa super motivada. Não podemos entrar a pensar que faremos golos mais cedo ou mais tarde e saíremos com os três pontos. Queremos muito os três pontos, mas temos de levar na cabeça em como vamos defrontar uma equipa que nos vai causar problemas.
- Em dois dias foram oficializados dois reforços e fala-se em Jota Silva. É o reforço que lhe falta? Suárez está pronto para ser titular?
- Não é jogador do clube, não vou falar. Temos bem cientes o que precisamos, essa sintonia está bem clara. Suárez? Trabalhou para jogar, tal como o Harder, entregaram-se ao que foi o treino e ao que foi pedido. São duas boas soluções. Dentro do que pensamos que seja melhor, logo se vê quem entrará.
- Ruben Amorim, que começou nas últimas épocas no Sporting, falava muito numa expressão que a equipa precisava ter fome para ser bem sucedida. Pergunto-lhe como é que está a fome da sua equipa e se depois de um bicampeonato e uma dobradinha pouco habituais no passado recente do clube não há risco de relaxamento?
- Não, penso que não. Isso da fome... Se perguntar a todos os treinadores vão dizer que querem jogadores com fome. Fala-se muito disso, eu também não fujo a isso. Em relação ao facto de o Sporting ter sido bicampeão com dobradinha, eles têm de ter a noção de que é passado. Apesar de não termos conseguido sair vitoriosos da Supertaça, deram uma demonstração daquilo que querem para a época. Foram capazes, demonstraram que não se cansam de vencer, que têm uma capacidade de correr atrás de vitórias. Isso, para mim, foi claro. Estou super tranquilo, acredito muito na capacidade do grupo.
- Qual é a importância de arrancar bem o campeonato? O facto de ter de jogar mais do que um jogo fora de casa devido às obras em Alvalade pode influenciar? E em relação a Esgaio, St Juste e Travassos são jogadores com os quais conta?
- Fazem parte do plantel. Em relação ao entrar bem, é importantíssimo, até para dar essa confiança ao grupo, para começarmos com uma fase positiva, de motivação e confiança, até para quem chega. Agora, também temos noção de que vamos defrontar uma equipa que está super motivada por defrontar o Sporting, que joga em casa, que fez um belíssimo campeonato. Já demonstrámos que somos capazes de ganhar, temos de arranjar forma de essa fome existir a toda a hora. Não podemos estar contentes com o que ganhámos. É passado, vai estar lá no museu, quando passarmos lá, mas o que importa é o presente. Estamos em igualdade com todos os outros, e vamos ter de fazer o dobro daquilo que fizemos na época passada para ganhar, porque, cada vez mais, vai ser difícil ganhar.
- Tem cinco defesas-centrais no plantel, mais Matheus Reis que também faz a posição. Não são centrais a mais? E como vê Eduardo Quaresma?
- As soluções existem e temos de dar resposta. A época vai ser longa, com muitos jogos, muitas competições, felizmente, e temos de estar preparados, com mais e melhores soluções. É nessa perspetiva que temos vindo a acrescentar. Eu cresci a ver o Matheus Reis a lateral... Há jogadores que dão várias soluções. O Eduardo Quaresma é um central e em vários momentos tem feito de lateral. É um miúdo que tem muitas condições e que dá soluções diferentes a Fresneda e Vagiannidis, por exemplo, como do resto dos centrais. Estou feliz com as soluções que temos, não me mete confusão nenhuma.
- Kochorashvili e Luis Suárez, que já somaram minutos na Supertaça, estão prontos para serem titulares? Vagiannidis e Mangas chegaram mais recentemente são opção para o jogo com o Casa Pia?
- O Mangas já tinha feito dois jogos na Rússia, Vagiannidis também já está com minutos, são jogadores preparados na parte física. Estão disponíveis para jogo. Kochorashvili e Suárez? O Suárez chegou sem jogo, não jogou jogos de preparação. Entrou muito bem. O Kochorashvili veio de um ano desgastante, tivemos de ter algum cuidado na fase inicial por causa dos problemas físicos que trazia fruto de uma época longa. São dois jogadores que têm dado uma resposta muito boa. Terão de esperar pela oportunidade do mister.
- Haverá colocação para os laterais no mercado? Quenda não tem tido tanta regularidade: qual é a explicação?
- Quenda tem dado uma resposta fantástica, está muito bem, ao contrário do final em que caiu. Não nos podemos esquecer que é um miúdo de 18 anos. Acredito que tenha mexido, caiu um bocado. Está muito bem agora, está à espera de uma oportunidade também, tal como o Geny Catamo. Tem dado uma resposta fantástica, e acredito que fará uma grande época no Sporting. O mercado também nos vai dizer isso... Fazem todos parte do plantel, são solução. Não me preocupa, vamos ter de dar resposta a muitas coisas. Dão soluções e dores de cabeça ao treinador. Deixa-me tranquilo para o futuro.
- A Supertaça trouxe a confirmação de que o sistema de jogo no Sporting vai mudar. Ouviram-se algumas críticas. Está seguro e sente a equipa preparada para avançar? E se, de alguma forma pensa que se for preciso recuar ao sistema antigo recua?
- A crítica faz parte, seja em que sistema for, é subjetivo. Não queria entrar muito no sistema, porque tem-se falado, mas, olhando para o jogo, há coisas que mudam, coisas que não mudam... O sistema é só um início, depois, há que dar mobilidade ao jogo e à equipa. Mais do que o sistema, a intenção é sermos melhores, porque perdemos uma referência importante nos dois últimos anos e temos de arranjar forma de nos reinventar a cada ano que passa, porque ganhámos dois anos seguidos e não vai chegar ser só o que éramos. Temos de reinventar-nos e é nessa perspetiva de acrescentar algo à equipa que queremos ser diferentes, sem abdicarmos daquilo que éramos. Queremos ser cada vez melhores, porque, se falássemos do sistema. Quando cheguei mudei o sistema e ganhámos, na época passada. Ganhámos ao Benfica, por exemplo. O jogador, hoje em dia, é inteligente. Estamos a falar de um grande clube. Mais do que um sistema, tem a ver com o que queremos passar para tornar a equipa capaz de ultrapassar os problemas que vamos ter ao longo da época.
- Qual o ponto de situação nas recuperações de Nuno Santos e Daniel Bragança?
- Estão a evoluir dentro dos prazos e da gravidade das leões. É uma luta difícil de ambos, mas deixa-me feliz, porque são lutadores natos e demonstram uma alegria enorme dentro dos problemas que têm dito. São dois guerreiros enormes, deixa-me feliz vê-los com vontade de regressar o mais rápido possível.
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