Ronaldo, Quenda e rivalidades no United: tudo o que disse Dalot no dia do 26.º aniversário
Em dia do 26.º aniversário, Diogo Dalot foi o jogador eleito para falar em conferência de imprensa, esta terça-feira, e não abordou apenas o jogo de Portugal na Dinamarca, mas também outros temas da Seleção e fora.
- Como descreve a adaptação de Ruben Amorim no Manchester United?
- Começamos fortes (risos). Como é lógico, é uma adaptação difícil, como é sempre. Cada jogador ou treinador que chega à Premier League tem de passar por isso. Ele não ter de demonstrar o seu grande valor, porque já o demonstrou também, mas o futebol define-se por resultados. Temos de melhorar, temos vindo a melhorar, mas o início foi bastante difícil. Acredito que consigamos sorrir no final, ele tem mais que capacidade para ser um grande treinador na Premier League.
- Quenda vai ser seu adversário na Premier League, que conselhos lhe pode dar?
- Acima de tudo é mais uma demonstração da qualidade do jogador português, do futebol em Portugal. É um jogador de grande qualidade, bastante promissor, por isso é que está aqui. Ele sabe que estar aqui não é para todos, poder representar um clube grande pelo qual vai jogar é uma grande responsabilidade, mas gosta de jogar, é feliz, exprime-se da melhor maneira que sabe e estamos cá para ó ajudar. Mas foi a qualidade dele que o fez chegar aqui. Ele tem de trabalhar muito, ele sabe disso. Os conselhos são sempre os mesmos... o mais difícil não é chegar lá, mas manter e acredito que tenha todas as capacidades para isso.
- Que balanço faz do seu percurso no clube e Seleção, onde está quase nas 100 internacionalizações, e que prenda gostaria?
- Felizmente já tive a oportunidade de passar vários aniversários na Seleção e sempre foi uma grande associação ao facto de estar a representar Portugal. A partir dos sub-15, até à Seleção principal, tive sempre esse prazer e privilégio de representar Portugal muitas vezes, tenho esse peso e responsabilidade. O Diogo de hoje é mais responsável e maduro de estar a jogar num clube bom, a representar uma Seleção grande. Cada vez que estou cá tento representar Portugal da melhor maneira, temos vindo a crescer como país, como grupo. A expetativa vai aumentando cada vez mais. Os portugueses esperam muito de nós e é sinal de que a Seleção está a crescer, por isso fico muito feliz por estar aqui e espero passar por muitos mais aniversário na Seleção. A melhor prenda que poderia ter seria sem dúvida vencer os dois jogos que temos pela frente.
- Que aposta estava a fazer com o Cristiano ontem? E sente que esta é a última grande oportunidade de ganhar um grande título todos juntos?
- A sensação acaba por ser sempre essa, por estarmos cá presentes. Infelizmente, não vamos jogar futebol para toda a vida, a este nível, portanto partilho sempre a sensação de que ser jogador da Seleção é algo que nunca é garantido. Portanto aproveitar ao máximo esse tempo e tentar fazer parte da história da Seleção Nacional, ter o nome marcado nessas conquistas é uma página bonita para cada jogador. Individualmente é uma conquista boa, eu quero fazer parte disto. Como é lógico que eu sinto que tenho de dar o máximo para conseguir ganhar e poder estar na história de Portugal como um dos jogadores que conquistou títulos. A aposta? É algo privada (risos), não posso dizer.
- Há algum jantar em jogo com os seus colegas da Dinamarca, Dorgu, Hojlund e Eriksen? E é o jogador com mais minutos no United, isso pesa nas pernas?
- Quando saiu o sorteio e soubemos que iamos jogar contra eles, houve a conversa normal, a picardia normal. Lembro-me que ainda esta semana brincámos com o facto do Hojlund ter feito golo, já não marcava há algum tempo, principalmente eu e o Bruno, dissemos algo do género: 'Rasmus, olha, agora fazes uma pausa de uma semana e quando voltares da paragem voltas a marcar golos (risos)'. Mas é uma competitividade sana do meu ponto de vista, mas a partir do momento em que entramos em campo deixamos de ser colegas de equipa, faz parte do futebol.
- Tempo de jogo? É algo que também durante a minha carreira tenho vindo a lutar para ter mais capacidade para vir a jogar vários jogos seguidos, aguentar um calendário tão grande e tão exigente. Sinto-me bem, tento fazer as coisas da melhor maneira para recuperar entre jogos, por isso se o mister decidir estarei pronto para fazer os dois jogos.
- Passa-lhe pela cabeça em ter Mourinho como selecionador de Portugal?
- Não sei, no futuro nós não conseguimos prever. Temos um grande selecionador, que também foi importante na minha carreira para me fazer crescer, acho que esse sentimento é comum em cada jogador que aqui passou. Acho que consegue deixar uma marca em cada jogador e isso é difícil para muitos treinadores. É uma pessoa que vem de um contexto difícil por não ser do país, por isso acho que ele sempre quis demonstrar que faz parte da nossa Seleção, que quer ganhar por Portugal, que quer fazer parte deste país e por isso o futuro não consigo prever. Tenho um grande apreço por Mourinho, foi ele que me deu a oportunidade de jogar num dos maiores clubes do mundo. Estarei eternamente grato, tenho uma boa ligação com ele e tentarei sempre manter essa ligação, foi alguém especial na minha carreira, mas é um cenário que não consigo prever.
- O objetivo da Seleção é ganhar a Liga das Nações? E seria bom para o United contratar em Portugal, Gyokeres, por exemplo?
- Queremos ganhar, esse sentimento que estamos a crescer enquanto país. Toda as competições em que entramos temos a capacidade de ganhar. No futebol o resultado final é sempre imagem daquilo que conseguimos dar, competimos, mas saímos sempre com o sabor de que podíamos ter chegado um pouco mais longe. Tentar replicar isso a cada treino, estágio, jogo, temos uma boa oportunidade de vencer dois jogos para estar na final four e competir por um torneio, temos capacidade para isso.
- Gyokeres? Obviamente que isso é uma pergunta difícil de responder. Portugal tem bastante qualidade a nível individual, temos mais um recente caso de um jogador que sai de um clube português para a Premier League. Não acredito que Quenda será o último, espero que saiam mais jogadores para as melhores ligas da europa e que possamos ter mais qualidade, mais talento, mais certezas a sair de Portugal, mas não sei responder se será o Gyokeres ou outro qualquer.
- De que forma é que Portugal pode condicionar o jogo de cada um dos seus colegas da Dinamarca? E quando comem o bolo?
- Não sei, penso que ainda estará para vir, normalmente é sempre para o jantar. É uma boa pergunta, vou deixar no ar a resposta. Normalmente para o mister, capitão ou para o próprio aniversariante. É para quem calhar (risos). Vamos defrontar uma Seleção difícil, a grande característica deles é a vontade que demonstram como equipa de lutar em cada jogo contra qualquer Seleção de uma forma aguerrida, energética também, usar o público. Mas se conseguirmos igualar a energia, o crer, vamos conseguir competir pelo jogo. Se formos melhores, se conseguirmos ser mais aguerridos, ter mais energia, se quisermos vencer mais do que eles, temos capacidade para vencer os dois jogos. O primeiro jogo é 90 minutos e temos de demonstrar isso durante os 90 minutos e trazer a vitória para Portugal.
Que adjetivos ainda tem para descrever Cristiano Ronaldo, que vai fazer o seu primeiro jogo por Portugal com 40 anos, e também o quão especial seria conquistar um título ao seu lado na Seleção?
- Já é difícil ter mais adjetivos para descrever o Cristiano. Para mim, acredito que para os meus companheiros, é um privilégio e um orgulho enorme poder continuar a tê-lo aqui na Seleção, a poder partilhar momentos com ele. Beber um pouco da experiência que ele tem na carreira, e acho que existe essa energia e sensação de querer vê-lo a vencer competições grandes por Portugal. A vontade e o amor que tem demonstrado na sua carreira por Portugal não pode ser questionável, então nós como jogadores, utilizando isso como exemplo, seria bonito na história do futebol português vê-lo ganhar o máximo de competições que ele poder até ao final da carreira por Portugal. E fazer parte disso, eu acredito que cada jogador individualmente queira fazer parte dessa história e estar ao lado dele num momento desses.
- Sente que é o grande amigo, o grande parceiro de Ronaldo no grupo?
- Acho que o Cris acaba por ter uma grande ligação com todos os companheiros, obviamente sendo ele o jogador que mais tempo passou aqui. É ele que conhece melhor a casa, as pessoas. Existe sempre uma receção boa da parte dele. A ligação que ele foi tendo com os companheiros de equipa é sempre especial, muito boa, é uma pessoa bastante aberta, comunicativa com toda a gente. Eu tendo sido companheiro dele no United fui-me habituando a estar com ele todos os dias. Temos uma boa amizade, a relação que tenho com ele é boa e considero que todos os companheiros têm acesso ao Cristiano da mesma maneira que eu posso ter. Não acredito que haja qualquer dificuldade dos meus colegas para estar com ele.
- Este é o melhor Portugal da história?
- Se há algo que eu aprendi no futebol é que aqueles que ganham são relembrados. É relativo dizer se somos a melhor geração de sempre, mas se eu lhe perguntar quem ganhou o Euro 2016, provavelmente vai-me dizer a maioria dos jogadores daquele plantel. Ou de quem ganhou a Liga das Nações. Se queremos ser lembrados como a melhor Seleção portuguesa temos de ganhar. Termos bastante talento, mas se não conseguirmos materalizar isso em resultados e troféus será difícil de comparar com outras gerações. Temos bastante qualidade, talento, uma grande Seleção, mas temos de ter resultados.
- Esperava estar nesta altura no Man. United, ser titular na Seleção? E o que esperava ganhar na Seleção, até agora, e que ainda não conquistou?
- Quando começamos a jogar futebol... sonhamos sempre alto, queremos sempre os melhores jogadores do mundo. Ter acesso a coisas que hoje tenho o privilégio de ter, mas o futebol vai ficando um bocadinho mais sério, vai crescendo, principalmente na formação, vais ficando com mais responsabilidades, vais tendo outras atenções na parte tática, física, focar na parte fora do jogo. Agora fui crescendo, fui procurando melhorar a cada ano, época a época, crescendo a nível físico, mental e hoje poder estar num clube grande e representar a Seleção, não posso esconder que era um objetivo meu e trabalhei muito para estar aqui. Olho para isto como uma responsabilidade grande de continuar neste nível, a provar que mereço estar neste espaço, requer muito trabalho, horas de dedicação, e tento ao máximo priorizar isso também para fazer uma longa carreira e se possível com sucesso.