Foi vizinho de Ronaldo, andou na escola com ele e hoje ‘domina’ meia Munique
MUNIQUE – É sabido que em cada canto do mundo há um português. Já não surpreende por isso que, em Munique, ao chamar um Uber, o motorista que nos atende nos responda com um sonoro «bom dia». Menos comum, decerto, é tropeçarmos num que tenha sido... vizinho de Cristiano Ronaldo na infância e, inclusive, tenha andado na escola com a estrela maior do futebol mundial.
Nuno Quintal nasceu e cresceu na Madeira. Há 12 anos, mudou-se de malas e bagagens para a Alemanha e é por aqui que vai ganhando a vida como condutor de TVDE. A reportagem de A BOLA precisava de ir até ao Bayern Campus, quartel-general da Seleção Nacional na preparação para a final da Liga das Nações com a Espanha, e, na lotaria das centenas de motoristas de Munique, saiu a bola do Nuno.
O sotaque, embora já meio difuso, não enganava. É madeirense e, de imediato, começou a falar-nos de Ronaldo e de como a vida os levou por caminhos tão distintos…
«Sim, eu e o Cristiano frequentámos a mesma escola. Mas, claro, a vida profissional dele, sim, fez com que os nossos caminhos não se cruzassem mais. Ele seguiu pelo mundo profissional do futebol. E eu segui outras direções», conta-nos.
Há, porém, algo que sempre os uniu: o futebol: «Ele, já na altura, mesmo de muito miúdo, dava nas vistas a qualquer pessoa. Dava para perceber logo que já tínhamos ali qualquer coisa de especial. Já tinha algo no sangue, sim.»
E nunca jogou com ele ou contra ele? «Eu? Só na escola. O meu irmão é que chegou a defrontá-lo. «O meu irmão foi representante do União da Madeira, um grande rival do Nacional, onde o Cristiano Ronaldo foi jogador também. E enfrentaram-se nos seus 8 ou 9 anos, quando eram muito miúdos. O resultado? Ui, não faço ideia. Mas o União perdeu, de certeza [risos]», continua o Nuno, antes de um pequeno lamento.
«Infelizmente, o futebol foi um sonho ao qual eu não dei continuidade, derivado de uma lesão. Mas continuei no futebol amador, representei um clube aqui em Munique, o FC Español, durante 4 ou 5 anos. Mas também fui obrigado a desistir por causa da vida profissional.»
Pelo meio da conversa, passamos junto à torre da BMW em Munique e Nuno aproveira para no contar uma série de curiosidades muito interessantes sobre a fábrica, o museu e o centro de exposições da construtora de automóveis da cidade; ou sobre a zona do Estádio Olímpico, ao mesmo tempo que deixa dicas preciosas sobre restaurantes tipicamente locais, sobre as atrações menos conhecidas da capital da Baviera e sobre os melhores locais para fazer compras. Nuno domina Munique e deseja que o conterrâneo também domine na final de domingo.
«Eu já contra a Alemanha esperava um jogo complicadíssimo para Portugal, mas tinha aquela sensação de que havia 45% de hipóteses para o nosso lado. E, depois de o Francisco Conceição ter marcado o golo do empate, eu fiquei com a certeza de que o jogo ia ser nosso. Contra a Espanha, já balanço mais um pouco para o outro lado, infelizmente… Não queria dizer isto, mas... estamos a falar do campeão europeu», recorda Nuno Quintal.
«Não estou a tirar qualidade à nossa Seleção. Nós temos grande qualidade nos jogadores que representam o nosso País. Estão nos melhores clubes a nível mundial. Agora, é ter a nossa estrelinha também do nosso lado. Vai ser um bom jogo e espero bem que seja aqui em Munique que consigamos conquistar a nossa segunda Liga das Nações», conclui o emigrante português, antes de enviar uma mensagem.
«Não sei se vai haver muita gente, familiares e amigos, a ver a reportagem, mas, principalmente para os emigrantes que estão fora do nosso país, sabendo o que custa estar longe, deixo um bem-haja a todos!»