Campeão com justiça
Chegou o dia. Logo mais, aí pelas 20 horas, vamos conhecer o campeão nacional. Novo? Talvez não, que o Sporting parte na frente e pode conquistar o primeiro bicampeonato desde 1954, tempos dos Cinco Violinos. O Benfica joga na esperança de um deslize do rival para que o jejum não chegue a duas temporadas.
Seja quem for o capitão que erguerá o troféu, em Alvalade ou em Braga, fá-lo-á com todo o mérito. Não sei quem será o campeão, mas sei que será um campeão justo.
Se for o Sporting, celebrará muito à custa do excelente arranque de temporada, ainda com Ruben Amorim no banco. Venceu os 11 primeiros jogos, até o treinador rumar a Manchester, e construiu uma almofada importante. Mas Rui Borges tem muito mérito. Essa almofada sobre o rival desapareceu, e o leão conseguiu, na hora certa, ir sempre recuperando o comando. O treinador contratado ao Vitória de Guimarães, na verdade, fez mais jogos, e pontos, que Amorim — o desta tarde será o 21.º, já ganhou 14. Mais que isso: não perdeu nenhum. Teve alguns empates potencialmente comprometedores, sobretudo com Arouca (casa) e Aves SAD (fora), numa sequência de três jogos sem vencer (também tinha empatado com o FC Porto no Dragão), mas foi também com um empate, na semana passada, na Luz, que deu o penúltimo passo para o título.
Essa série de Rui Borges, de 20 jogos sem perder, é a melhor do campeonato. O leão tem o melhor ataque, com 86 golos, e partilha a melhor defesa com o Benfica. E é o clube com menos derrotas, duas apenas, nos dois primeiros jogos com João Pereira no banco.
Este Sporting pode não encantar como o de Ruben Amorim — das 14 vitórias de Rui Borges, só três foram por três ou mais golos de diferença; o anterior técnico ganhou assim sete dos seus 11 jogos, e os outros quatro foram por dois golos... —, mas recuperou segurança, eficiência, com o mérito do treinador de voltar ao sistema com que os jogadores se sentiam mais confortáveis, depois de um início titubeante, a jogar com defesa com quatro.
Mas e se o campeão for o Benfica? Então o título fica bem entregue. É a equipa com mais vitórias no campeonato, 25, e com a melhor defesa, a par do Sporting. Não tem o melhor ataque, mas está só a três golos dos leões, o que, atendendo à veia goleadora do rival com Ruben Amorim no banco, dá sinal de como as águias foram melhorando com o passar das jornadas. Aliás, o Benfica é também o clube com mais triunfos por três ou mais golos de diferença: 14 dos 25 que obteve. A melhor sequência de vitórias, nove, ficou apenas a duas de Amorim; e Bruno Lage chega ao final da prova numa sequência, neste momento, de 14 jogos sem perder, e com apenas dois empates (um muito penalizador, com o Arouca, que fez com que o empate no dérbi da Luz de há uma semana servisse ao Sporting e não ao Benfica).
Mas o mais importante: os momentos altos do Benfica foram mais altos que os momentos altos do Sporting de Rui Borges. Nem sempre jogou bem, e aquela sequência de três derrotas em quatro jogos, na passagem do ano, culminada com os lamentos do treinador após o desaire em Rio Maior com o Casa Pia, pode ter custado o título. Mas o Benfica soube reagir, e partir daí, mesmo quando não foi brilhante, foi altamente consistente.
Vença quem vencer, estará longe de ser um campeão perfeito, mas não deixará de ser merecido.
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