«Mourinho? Se as eleições fossem para treinador, quem trouxesse Guardiola iria ganhar»

— A contratação de José Mourinho para treinador do Benfica é um bom ato de gestão?

— Estas eleições são para presidente, não são para treinador. Se fosse para treinador, quem trouxesse Guardiola teria fortes probabilidades de ganhar, porque traria talvez o melhor treinador do mundo, sem contestação. Não temos de discutir o treinador. O treinador é um ato de gestão da Direção e do presidente. E aquilo que me parece — e eu estou muito à vontade porque votei em Rui Costa há quatro anos — é que não existe essa estratégia, esse modelo de gestão. Sou contra a contratação de Mourinho? Não, não sou contra. Mas já é o segundo ano em que contratamos treinador à 5.ª jornada e determina que não há estratégia. Foi Mourinho, como poderia ter sido outro. Se Mourinho fosse contratado em junho haveria uma estratégia, teria constituído a equipa, teria escolhido os jogadores. Andamos sistematicamente em SOS.

— O Benfica fez investimento recorde em contratações, €135,8 milhões. É um ‘all in’ da Direção de Rui Costa ou reforçar investimento será caminho a seguir por Vieira?

— Tem de haver equilíbrio. O Benfica tem de contratar jogadores de classe europeia e mundial. Se o Benfica quer estar naqueles palcos, tem de ter jogadores dessa craveira. O que não podemos é não ter uma estratégia para a formação ser cada vez mais uma componente. O Benfica tem de contratar jogadores de craveira, se possível a preços mais baixos.

— E é possível fazer isso?

— Aí tenho de ser justo, o mercado, hoje, é diferente do que era há quatro anos. O mercado árabe veio desmultiplicar um conjunto de variáveis. Não tenho capacidade para responder se é possível comprar mais baixo. Mas o Benfica tem de recuperar uma coisa muito importante que perdeu, a estrutura que tinha há quatro anos. O Benfica tinha os melhores quadros de scouting, os melhores quadros de formação, os melhores quadros de performance de futebol no país. Se tiver essa parte, terá também capacidade para detetar talentos mais cedo e mais baratos.