Afonso Jesus, capitão da equipa de futsal do Benfica, em conversa com A BOLA. Foto: André Carvalho

Afonso Jesus: «No Sporting, nunca escondi que... era benfiquista»

Foi ainda júnior que Afonso Jesus passou dos leões para as águias; «agradeço sempre ao Sporting»

-Ainda júnior, passou do Sporting para o Benfica e diz-se que a principal razão foi por o Afonso ser benfiquista. Foi o que mais pesou na decisão?

Sou tudo menos ingrato. Agradeço sempre ao Sporting pela oportunidade que me deu porque o meu sonho sempre foi jogar no Benfica e não me deu essa oportunidade quando eu era mais jovem, antes de o Sporting me convidar, e acabou por fazer parte da minha formação.

Foi essencial para o jogador que sou, mas sempre tive na cabeça que queria ser jogador do Benfica. Foi sempre o meu sonho e na primeira vez que tive a oportunidade, fui corretíssimo com toda a gente no Sporting.

Nunca escondi, a verdade é essa também, e é por isso que as pessoas gostavam de mim, porque eu trabalhava a sério, duro no Sporting como trabalho hoje em dia no Benfica, mas nunca escondi essa vontade e nunca foi segredo para ninguém. No dia em que tive essa oportunidade foi provavelmente dos dias mais felizes da minha vida, não pensei duas vezes.

-Sente-se um privilegiado por ter jogado em ambos?

Não tive uma, eu tive duas oportunidades: uma de jogar no Sporting e fazer essa formação, outra depois de poder viver o meu sonho de jogar no Benfica e de, nos dois sítios onde passei, conviver com treinadores espetaculares, jogadores inacreditáveis, pessoas que me ensinaram muito e que têm uma quota-parte muito grande no que sou hoje como jogador.

-É quase como o Kaká do futsal - um rapaz de boas famílias, boa educação, nos Maristas de Lisboa, e a jogar futsal. Considera-se o menino de colégio que jogou futsal na rua?

É engraçado e é, logicamente, motivo de gozo por parte dos meus colegas. Ah, nunca jogaste na rua, não sabes o que é jogar na rua, não sabes o que é ir jogar descalço, dizem, e é um bocadinho mentira, ainda que não tenha tido as vivências que muitos dos meus colegas tiveram. Eu não tenho a menor dúvida de que, muitas vezes, é nos valores, na maneira de estar e na simplicidade das coisas e eu também fiquei muito tempo a jogar na rua, principalmente quando me mudei para Benfica e jogava debaixo do prédio.
Sou muito grato a todas as oportunidades que tive e os Maristas deram-me uma oportunidade, foi a partir dos Maristas que cheguei ao Sporting e sou o jogador que sou hoje, ponto final.