Açorianos com um (Frede)rico caçador na captura dos gansos (crónica)
Com uma primeira-parte de bom nível o Santa Clara construiu uma vitória justa e também escassa para tanto domínio. O Casa Pia não existiu ofensivamente e apenas por uma vez conseguiu incomodar Gabriel Batista. Os gansos prolongaram para oito o número de jogos consecutivos sem vencer na Liga e os açorianos voltaram, três encontros depois, aos triunfos no campeonato. E, neste jogo dos números, somaram também o terceiro jogo seguido sem perder, contando com todas as competições.
Com desenhos táticos similares (3x5x2), o Santa Clara entrou forte e determinado e foi perigoso para a baliza de Ricardo Batista. Wendel (9’) desperdiçou na cara do guarda-redes, que fez excelente defesa, mas dois minutos depois Frederico Venâncio colocou os açorianos na frente: na sequência de canto, Serginho cruzou para a cabeça do central, com o guardião a sacudir a bola para cima e quando ela desceu, Tchamba aliviou, mas já estava dentro. Serginho (20’) teve mais uma boa chance quando foi mais forte que José Fonte, com o remate a ser detido por Ricardo Batista.
Curto ofensivamente, na 1.ª parte o Casa Pia não alvejou uma vez a baliza dos açorianos. O único momento mais complicado para Gabriel Batista não teve remate, porque Frederico Venâncio (28’) antecipou-se a Livolant, impedindo-o de rematar em boa posição.
Essa evidência pouco alterou depois do descanso. Os casapianos continuaram sem poder de fogo na frente, apesar de terem reentrado com uma atitude mais ofensiva. Contudo, apenas metros foram conquistados, porque Gabriel Batista continuou a ter uma tarde bastante tranquila, limitando-se a desfazer cruzamentos. Na única vez que o guarda-redes teve de aplicar-se, fê-lo com distinção, defendendo junto ao solo um livre direto de Livolant. Muito pouco para quem tem a tarefa de inverter o longo ciclo negativo, num jejum vitorioso no campeonato, que se prolonga há quase três meses: o último triunfo dos gansos foi a 14 de setembro em Arouca.
Os açorianos estiveram sempre confortáveis durante os noventa minutos e souberam controlar o adversário sem correr grandes riscos defensivos. É certo que não foram tão incisivos no ataque como no primeiro período, mas souberam levar o jogo para caminhos e ritmos que lhes convinha, com a certeza de assegurar os preciosos três pontos frente a um adversário direto na luta pela manutenção. Objetivo cumprido!
As notas dos jogadores do Santa Clara (3x5x2): Gabriel Batista (6), Lucas Soares (6), Sidney Lima (6), Luís Rocha (6), Frederico Venâncio (7), Paulo Victor (5); Pedro Ferreira (5), Adriano Firmino (6), Serginho (6), Wendel Silva (5), Brenner Lucas (5), Diogo Calila (5), Djé Tavares (5), Luquinhas (-), João Costa (-) e MT (-)
As notas dos jogadores do Casa Pia (3x5x2): Ricardo Batista (5), André Geraldes (5), José Fonte (5), Tchamba (5), Larrazabal (5), Seba Pérez (6), Renato Nhaga (5), Miguel Sousa (5), Abdu Conté (5), Livolant (6), Cassiano (5), Severina (5), Oukili (5), David Sousa (5), Livramento (5) e Benaissa (-)
O que disseram os treinadores
Vasco Matos, treinador do Santa Clara:
«Uma primeira parte muito forte da nossa equipa, com grande capacidade de pressão e de condicionar o adversário, com grande capacidade de ter bola e de criar situações de golo. Fizemos um [golo], devíamos ter feito dois ou três e ainda falhávamos um ou dois. Faltou-nos um bocadinho esta parte, porque foi sem dúvida uma excelente primeira parte. Na segunda não entramos mal, até porque tivemos ali um ou outro momento em que se tivéssemos decidido bem poderíamos ter feito mais qualquer coisa. Depois, obviamente, o Casa Pia foi à procura de fazer o golo e à procura de pontos. A nossa equipa também se agarrou aos três pontos e à importância para que eles têm para nós. No cômputo geral, acho que fomos a melhor equipa. Não me lembro ao longo do jogo de uma clara oportunidade do Casa Pia. Algumas aproximações nesta fase final, umas bolas longas e segundas bolas, mas a equipa respondeu muito bem.»
Gonçalo Brandão, treinador do Casa Pia:
«Claramente o jogo tem duas partes. Na primeira em que nós não fomos aquilo que queríamos ser: agressivos, ganhar duelos, olhar para a frente e atacar a profundidade. Não o conseguimos. Demos quase uma parte de avanço ao Santa Clara, sabendo que o seu ADN neste campo, passa muito por isso, pelos duelos e segundas bolas. Eles, claramente na primeira parte, foram mais fortes do que nós. Na segunda parte, melhorámos. Os jogadores vieram com outro espírito, conseguimos instalar mais o jogo e conseguimos aqui ou ali criar oportunidades, com mais cantos e mais vezes perto da baliza do Santa Clara. É continuar a trabalhar, acreditar no processo, no dia a dia, na semana de treino. Continuar muito focados, sabendo que primeiras partes como esta não estamos em condições de o fazer. Temos de começar desde o início com tudo. O caminho é esse.»