Villas-Boas foi eleito há um ano: o que mudou no FC Porto?
Villas-Boas foi eleito a 27 de abril de 2024 (Foto: Grafislab)

Villas-Boas foi eleito há um ano: o que mudou no FC Porto?

NACIONAL27.04.202508:40

Transparência e recuperação importante das contas são alguns dos pontos positivos da nova administração, cuja primeira época foi um desastre no futebol, com duas goleadas frente ao Benfica e instabilidade no plantel

Foi há exatamente um ano que se deu uma mudança profunda (e histórica) no FC Porto. 42 anos depois, o emblema azul e branco conheceu um novo presidente. No dia 27 de abril de 2024, André Villas-Boas não deu qualquer hipótese a Jorge Nuno Pinto da Costa no sufrágio, tendo recolhido 80% dos votos, e tornou-se o 32.º presidente da história do clube.

Numa eleição que ficará eternizada como um virar de página, mais de 21 mil sócios dos dragões manifestaram a vontade de alterar o rumo do clube, apesar do inigualável legado de Pinto da Costa. Volvidos 365 dias, o FC Porto está diferente, como, de resto, seria de esperar após uma mudança drástica. Villas-Boas rompeu com algumas práticas do passado, recuperou de forma notável as finanças do clube e até já conquistou títulos no futebol e em várias modalidades, mas no plano desportivo a primeira época completa sob a égide da nova SAD não tem corrido de feição.

Villas-Boas na tomada de posse como presidente do FC Porto (Grafislab)

O melhor da era Villas-Boas

A nível financeiro, a nova SAD herdou uma situação extremamente difícil, com o clube a acumular uma montanha de dívidas, que tem sido escalada com sucesso pela administração liderada por Villas-Boas e com papel importante de José Pereira da Costa, CFO. O passivo da SAD já reduziu em 179 milhões de euros e a dívida foi renegociada. Excelentes indicadores no primeiro ano, que dão bons indícios para a saúde financeira do clube no futuro.

Outro dos grandes pilares da candidatura de Villas-Boas era o da transparência e, nesse aspeto, tem sido cumprido tudo o que fora prometido. O denominado Portal da Transparência foi lançado no site oficial do clube para detalhar todos os negócios da SAD, incluindo valores das transferências de jogadores, comissões a agentes e verbas pagas a clubes. Além disso, realizou-se a prometida auditoria forense às contas, que revelou perdas na ordem dos 50 milhões de euros em comissões ao longo da década passada.

Também o aumento do número de associados é assinalável. Villas-Boas tinha traçado como objetivo ultrapassar o Sporting e fazer do FC Porto o segundo clube em Portugal com mais sócios (apenas atrás do Benfica) e, na contagem mais recente, regista-se um incremento de quase 20 mil associados (de 131 mil para cerca de 150 mil).

Mas os pontos positivos do primeiro ano da nova administração não ficam por aqui. A criação do futebol feminino foi um passo importante para o crescimento da modalidade em Portugal e já colhe frutos, com boas assistências. O futsal também dá os primeiros passos.

As janelas de transferências, sobretudo a de janeiro deste ano, foram altamente lucrativas, com as vendas milionárias de Galeno e Nico González, e têm ajudado na recuperação financeira do clube, suprindo de alguma forma a ausência do dinheiro da UEFA Champions League.

Há ainda a assinalar a mudança nos protocolos com as claques e o avanço do projeto do Centro de Alto Rendimento (CAR) no Olival, uma das bandeiras da campanha.

O pior da era Villas-Boas

Não há outra forma de classificar a época desportiva, pelo menos no que ao futebol profissional diz respeito, a não ser como um fracasso. Afastado desde cedo da luta pelo título, com duas derrotas humilhantes frente ao rival Benfica (8-2 no total dos dois jogos para o campeonato), eliminado precocemente da prova rainha aos pés do Moreirense, da Taça da Liga ante o Sporting, e com uma campanha dececionante na UEFA Europa League, onde havia fortes esperança no início da temporada, o FC Porto falhou em toda a linha, restando, ainda, o Mundial de Clubes, que será disputado entre junho e julho nos Estados Unidos.

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A aposta em Vítor Bruno parecia sensata e começou da melhor forma, mas o desgaste com alguns elementos do plantel, nomeadamente com Pepê, cujo episódio após o Gil Vicente-FC Porto fica na memória, acabou por precipitar a sua saída, em janeiro. Martín Anselmi foi o eleito para liderar a equipa e o argentino já demonstrou que é um treinador com ideias de jogo positivas e até momentos de bom futebol, mas não conseguiu, para já, elevar o nível da equipa.

Os polémicos casos recentes em torno das saídas noturnas de vários jogadores do plantel, que infringiram as regras internas do clube, não ajudaram, bem pelo contrário. Causaram instabilidade e deitaram por terra os esforços que estavam a ser realizados para cimentar a equipa do ponto de vista psicológico, o que levou ao natural desagrado de Anselmi nos últimos dias.

Os títulos conquistados

Apesar de a temporada ter ficado bastante aquém das expectativas, 2024/25 começou logo com um título para o museu, já depois da conquista da Taça de Portugal no final da época anterior, no Jamor, frente ao Sporting (2-1). A 3 de agosto do ano passado, num clássico que ficou para a história, os dragões operaram uma épica reviravolta contra os leões, na Supertaça disputada em Aveiro. Os comandados de Vítor Bruno, que se estreava de forma oficial no banco azul e branco, reverteram uma desvantagem de três golos e festejaram no prolongamento, onde Iván Jaime fez o 4-3 que fez explodir de alegria o universo portista.

Além desses dois títulos no futebol, o clube já ergueu mais quatro troféus desde que Villas-Boas foi eleito: dois no basquetebol (também Taça de Portugal e Supertaça, curiosamente), um no hóquei em patins (Campeonato Nacional) e um no voleibol feminino (Supertaça Ibérica).

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Palavras de André Villas-Boas, presidente do FC Porto
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