O último golo do argentino pelos leões (A BOLA)

Último golo de Yazalde pelo Sporting foi há 50 anos

Sporting-União de Tomar, 27 de maio de 1975: 5-0. Dois golos de Chirola

A capa de A BOLA de 28 de maio de 1975, dia seguinte ao jogo, trazia a descrição do terceiro golo do Sporting, em Alvalade, frente ao União de Tomar (5-0) a contar para os quartos de final da Taça de Portugal: «Esta sequência fotográfica de Nuno Ferrari documenta o terceiro golo do Sporting no desempate com o União de Tomar — um golo-espectáculo! Primeiro, Marinho arranca, pela esquerda, para uma sensacional jogada individual. Kiki, Florival e Zeca vão sobre ele, mas serão batidos: depois, Marinho já ultrapassou toda a gente, chamou a si o guarda-redes Silva Morais, tirando-o da baliza e a bola já saiu dos seus pés para o passe a Yazalde, que, na zona central, ‘dispara’ de pé esquerdo, à meia-volta, sem que nem Zeca, nem Fernandes, nem ninguém, possa deter o ‘tiro’…»

Que teve este golo de especial, marcado ao minuto 60? Aparentemente, quase nada. Era o terceiro dos cinco do Sporting nessa noite e o segundo de Yazalde. O argentino marcara 126 golos em 131 jogos pelos leões, pelo que um ou dois a mais não transformariam a sua bela história pelo Sporting.

Porém, aquele golo, tão bem descrito na capa de A BOLA do dia seguinte, acabaria por ser marcante pela simples razão de que foi o último de Héctor Casimiro Yazalde, então a dois dias de completar 29 anos, com a camisola listrada dos verde-e-brancos. Foi há exatos 50 anos que um dos maiores cometas que passaram pelo futebol português colocou, de leão ao peito, a bola no fundo da baliza adversária. Silva Morais fica também na história por ter sido o último guarda-redes a sofrer um golo do fantástico Chirola.

A descrição em A BOLA do último golo de Yazalde pelo Sporting (A BOLA)

Dois dias depois, a 29 de maio de 1975, no Estádio do Bessa frente ao Boavista, Héctor Yazalde faria o seu último jogo (oficial) pelos leões, na meia-final da Taça de Portugal, mas o Sporting acabaria eliminado por 1-0, sem que o argentino marcasse golos a Botelho. A partir daí, a saída de Yazalde do Sporting tornou-se irreversível.

Uma semana mais tarde, a 5 de junho de 1975, A BOLA trazia desenvolvimentos sobre o futuro do argentino: «Os golos, o valor, a fama, tudo na origem da procura que Yazalde estará a despertar em alguns clubes estrangeiros. O Olympique de Marselha parecia definitivamente adiantado na corrida pelo argentino. Entretanto, o Espanhol de Barcelona, por intermédio do conhecido empresário Juan Obiol, quer marcar posição, com vista à aquisição de Yazalde. Obiol está em trânsito para o Brasil e demorou-se alguns dias em Lisboa, no intuito de contactar o presidente sportinguista, João Rocha. Sucedeu, no entanto, que João Rocha não chegou e a possibilidade dos espanhóis marcarem posição (se é que ainda a tempo...) gorou-se.»

Johan Cruyff, com a camisola do PSG, cumprimenta Hector Yazalde (A BOLA)

A 18 de junho, em Paris, num PSG-Sporting a contar para um torneio internacional Yazalde fez o seu último jogo (oficial ou não) pelos leões. Os parisienses, com Johan Cruyff no onze (!), venceram por 3-1, mas o golo leonino foi apontado por Nélson.

Yazalde sairia mesmo para o Marselha e, dias depois, A BOLA falava daquele que seria o seu sucessor: «O Sporting parece prestes a assegurar o seu primeiro reforço. As conversações com o cufista Manuel Fernandes decorrem há alguns dias e anteontem, de manhã, o atacante, que ao serviço da CUF deu nas vistas, esteve em Alvalade, onde se avistou com responsáveis leoninos, a quem apresentou as suas condições para o ingresso no clube. Os dirigentes sportinguistas estudaram a pretensão de Manuel Fernandes e o acerto parece perfeitamente viável.»

Sairia um 'monstro' para o Marselha, viria da CUF outro 'monstro'.