Sporting: um jogo de castigo para Conrad Harder
Conrad Harder em ação no jogo com o Santa Clara, 1-0 na jornada 29 (GRAFISLAB)

Sporting: um jogo de castigo para Conrad Harder

NACIONAL17.04.202519:45

Castigos da 29.ª jornada divulgados e confirma-se que o avançado dinamarquês é suspenso por um jogo devido ao cartão vermelho com o Santa Clara. Sporting vai recorrer para o Pleno do Conselho de Disciplina. Toda a explicação que consta no mapa de castigos, os argumentos da defesa do jogador e a resposta do CD

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de futebol suspendeu Conrad Harder com um jogo, na sequência do cartão vermelho que o avançado de 20 anos viu no final do jogo com o Santa Clara.

Foi após o apito final do encontro de sábado (vitória leonina por 1-0) entre açorianos e leões que se gerou-se uma confusão entre Harder e o defesa-central do Santa Clara Luís Rocha, tendo o árbitro expulsado os dois jogadores, bem como o adjunto do Sporting Tiago Aguiar e o assessor de imprensa do Santa Clara, João Sobral.

No relatório do jogo, Cláudio Pereira escreveu que o avançado dinamarquês dos verdes e brancos festejou a vitória com um grito de yeha, que foi pelo árbitro descrito como de forma provocatória para justificar a expulsão já depois dos 90’ – Harder entrara aos 77’ para o lugar de Geny Catamo, autor do único golo da partida.

Paulo Alemão, antigo guarda-redes do Sporting, comentou a atualidade leonina n'A BOLA DA NOITE
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Na quarta-feira, já conhecido o relatório do juiz, os leões avançaram com a defesa, em sede de processo sumário. Mas o Conselho de Disciplina suspende mesmo o jogador com um jogo - os leões recebem esta sexta-feira, às 20h30 horas, o Moreirense na jornada 30.

Através do mapa de castigos, fica a saber-se que a suspensão do dinamarquês se deve a «injúrias e ofensas à reputação». Explica-se assim no mapa de castigos: «Usar linguagem ou gestos ofensivos, injuriosos e ou grosseiros – com o jogo interrompido, gritou para um adversário de forma provocatória, tendo assim uma ação ofensiva e provocando um conflito massificado entre as duas equipas.»; «Após o final do jogo, dentro do retângulo de jogo, existiu uma altercação generalizada entre jogadores e outros agentes desportivos constantes na ficha técnica, com troca de palavras impercetíveis.

Continua o mapa de castigos sobre Harder e tendo em conta o relatório do árbitro e do delegado: «Após o apito para o final do jogo, saltou sobre um adversário, jogador n. º13 Luís Rocha, gritando yeah, sendo que o resto das palavras não me foram perceptíveis.»

A confusão no final do jogo no Estádio de São Miguel

Sobre Luís Rocha: «No meio da confusão que se instalou entre o jogador n.º 13 Luís Rocha e o jogador n.º 19 Harder, não me foi percetível as palavras proferidas pelo jogador n.º13 Luís Rocha, apenas o seu ato de colocar os braços em volta do jogador n.º 19 Harder, zona do peito/pescoço, enquanto gritava insistentemente e em jeito de resposta à provocação iniciada pelo jogador n.º 19 Harder

Concluiu-se então que «o jogador n.º 19 Harder iniciou o conflito». «Saltando sobre o adversário já após eu ter apitado para o final do jogo».

A defesa do jogador e o motivo para o castigo

Pelo mapa de castigos da jornada 29, fica a conhecer-se os argumentos leoninos, ponto por ponto, usados para a defesa em sede de processo sumário:

a) antes de o árbitro apitar para o final do jogo (i.e. após a cobrança do pontapé de baliza) já o jogador tinha iniciado a sua corrida na direção da bola;

b) quando o árbitro apita para o final do jogo, a bola encontra-se numa trajetória aérea descendente na direção do jogador (aliás, ao minuto 95:33 do jogo, o próprio comentador televisivo refere que ‘é Rui Silva mais uma vez a tocar a bola para o dinamarquês [referindo-se ao Jogador], tem sido quase sempre assim, lá vai ela’);

c) no seguimento dessa corrida, o jogador salta instintivamente para disputar a bola, e não ‘sobre um adversário’;

d) de seguida, o jogador limita-se a manifestar a sua alegria pela vitória alcançada pela sua equipa;

e) tanto antes como depois de ter saltado, o jogador não olha nem se volta para o jogador adversário;

f) o jogador adversário, vindo por trás, agarra o jogador que, sem sequer se voltar, mantém o sentido da sua marcha e olha para o árbitro de braços abertos (na medida em que lhe é possível fazê-lo) na expectativa de que este faça cessar a abordagem do jogador adversário;

g) o jogador, a ter gritado a palavra yeah, não o fez na direção do jogador adversário nem de qualquer outro jogador, sendo impossível retirar daí uma intenção provocatória;

h) o conflito que ocorreu depois não foi provocado pelo salto ou pelo grito do jogador, mas sim pelo facto de o jogador adversário ‘colocar os braços em volta do jogador n.º 19 Harder, zona do peito/pescoço’.

No mapa explica-se sobre os argumentos da defesa: «Os meios probatórios juntos com a defesa não são de molde a pôr fundadamente em causa a veracidade das descrições factuais constantes do relatório e dos esclarecimentos do árbitro, antes a corroborando, no sentido de que o jogador com a camisola n.º 19, Harder, após o apito para final do jogo, prosseguiu em corrida, saltou (e caiu) sobre um adversário, jogador n.º 14, Luís Rocha, gritando yeah. A referida conduta é constitutiva do ilícito pelo artigo 158.º, aliena d) do RD, por gesto grosseiro dado que, após o apito final do jogo, o jogador n.º 19, Harder, poderia e deveria ter travado ou refreado o movimento que conduziu ao embate com o jogador adversário, provocando-o e gerando uma altercação generalizada.»

O Sporting vai recorrer ainda hoje para o Pleno do Conselho de Disciplina e só depois será possível o recurso para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), que poderia suspender a decisão do CD, através de providência cautelar. O Pleno, no entanto, não deverá analisar o caso em tempo útil, pelo que Conrad Harder deve mesmo cumprir um jogo de suspensão esta sexta-feira.

Recorde-se que desde 2021, no apelidado caso Palhinha, antes de um dérbi com o Benfica, jogadores e clubes podem contestar os relatórios dos árbitros e dos delegados com uma defesa prévia antes da publicação de um castigo sumário. Posteriormente, se a sanção for confirmada em sumário, o recurso tem de seguir para o Pleno. Têm para isso os clubes cinco dias, contados desde a data da notificação e a decisão tem de sair num máximo de 10 dias.