REPORTAGEM A BOLA «Ricardo Horta? Se não há acordo entre clubes, por mais que se queira...»

NACIONAL07.05.202509:30

Carlos Gonçalves, CEO da Proeleven, fala de alguns dos nomes mais sonantes da agência: a mudança de Villas-Boas, a conturbada negociação por Ricardo Horta, a afirmação de Eduardo Quaresma...

- André Villas-Boas teve a carreira de treinador ligada à Proeleven. Ficaram surpreendidos por vê-lo assumir a presidência do FC Porto?

- Carlos Gonçalves (CG): A partir de determinado momento foi uma situação normal e natural. Disse várias vezes que o André, pela forma de ser, como se preparou ao longo do tempo, podia fazer aquilo que quisesse no futebol. A paixão dele pelo FC Porto sempre foi clara, e a partir de determinado momento entendeu que faria sentido começar a preparar-se para a presidência. Eu acho que ele podia ser um excelente diretor desportivo, não tenho dúvida que vai ser um excelente presidente, porque tem essa visão macro e essa visão global do fenómeno do futebol que lhe permite depois fazer várias coisas.

- Essa relação de muitos anos pode gerar aqui a ideia de relação privilegiada agora da agência com o FC Porto....

- CG: Sim, pode, mas é não conhecer o André e não conhecer a nossa agência. O André, ao longo da carreira, passou por vários clubes, e houve casos em que não colocámos lá um único atleta. Ele vai defender como ninguém os interesses do FC Porto e só assim é que faz sentido. Não faz sentido pensarmos, só porque temos amigos, que vamos fazer negócios com eles. Não era uma atividade muito exequível, só estarmos a fazer negócios com os nossos amigos, até porque eu tenho muitos amigos que nem sequer estão no futebol.

- O David Carmo teve uma passagem pelo FC Porto que acabou por não ser muito feliz. Teve a ver com o montante investido na sua contratação? Foi esse peso?

- CG: Eu acho que não teve nada a ver com isso, porque ninguém vai jogar com o valor nas costas. Pode ter havido mais pressão mediática, mas não me parece que tenha sido isso. São conjeturas. Há atletas em que as coisas funcionam e há outros em que não funcionam tão bem. Não quer dizer que, se não fosse noutra altura, não funcionaria muitíssimo bem. E se o FC Porto na altura entendeu que o valor dele era aquele que pagou, era porque assim o tinha demonstrado no Braga. E não foi por acaso que o Wolfsburgo, o Liverpool e muitos outros clubes, na altura, tentaram negociar com o SC Braga a sua saída. O ter resultado ou não depende de muita coisa.

- O Eduardo Quaresma é um bom exemplo de que cada jogador tem o seu trajeto. Conseguiu, de forma quase épica, diria, mudar o seu papel no Sporting. Já é presença regular na equipa do Sporting, mas antecipa-se a época de grande afirmação dele?

- CG: Eu acho que o Eduardo está talhado para ser um craque a nível mundial. Tem todas as condições para isso. Existem muitas formas de se chegar ao sucesso. Nem todo o caminho é igual para todos. Há uns que demoram mais tempo, outros demoram menos tempo. Há uns que têm de sair e voltam a entrar. Há outros que mantêm essa linha de sucesso. Estarmos a definir um padrão de como é que as coisas vão acontecer, é muitas vezes difícil. Um treinador, uma lesão, um colega que está melhor naquele momento e que é difícil depois entrar, um cartão vermelho que condiciona que alguém que entra para o lugar depois faz bem e não volta a sair... Há tanta coisa que condiciona a carreira de um atleta, que têm de estar preparados para estes altos e baixos, desde que procurem um trajeto ascendente.

- Foi difícil explicar ao Ricardo Horta que não ia voltar ao Benfica pela porta grande, quando falharam aquelas negociações com o SC Braga, ou o jogador também estava conformado com o estatuto - até já histórico - que tem no Minho?

- CG: Eu acho que o Ricardo, por aquilo que tem feito no futebol português, merece todo o respeito e é alguém que, pela forma sempre sóbria e trabalhadora, que teve em todos os emblemas, desde o V. Setúbal, Málaga, SC Braga, na Seleção, merece todo o respeito. Ali não houve acordo entre clubes. Tudo parte daí. Se não há acordo entre clubes, por mais que se queira... Ele tinha um vínculo com o Braga, que quis defender os seus interesses, e não houve acordo.

- Diogo Dalot chegou a Manchester muito jovem, teve dificuldades iniciais, mas agora já é uma referência no clube, ainda que o United atravesse um mau momento coletivo. Que importância para a Proeleven tem esta afirmação do lateral?

- CG: O Diogo é um atleta excepcional, uma pessoa excepcional. Aquilo que ele tem feito não me surpreende, sempre foi muito focado, muito profissional, muito trabalhador. Sabe bem aquilo que quer, e a forma como deve atingir. Não nos vamos esquecer que ele saiu do FC Porto lesionado, quando José Mourinho o leva para o Manchester United, ele está lesionado. Tem ali uma fase de recuperação, não entra logo a poder jogar. Depois, quando ele começa a jogar, dá-se a mudança de treinador, e vem um treinador com uma ideia diferente, que contrata um lateral direito inglês, que já não está nem sequer no clube, que tinha custado muito dinheiro. O Diogo foi sempre trabalhando. Na altura, o AC Milan mostrou interesse em poder contar com ele, acho que foi um ano importante para ele. Regressou depois e está à vista de todos aquilo que o Diogo tem feito. O United é um dos maiores clubes a nível mundial, independentemente da situação conjuntural em que esteja, e não há dúvida que o Diogo é também um dos melhores jogadores a nível mundial.

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