Palhinha: «Com Jorge Jesus não era importante, treinava a lateral, a central...»
João Palhinha a ouvir instruções de Jorge Jesus, no FC Porto-Sporting de 2016/17

Palhinha: «Com Jorge Jesus não era importante, treinava a lateral, a central...»

NACIONAL19.03.202417:20

Médio do Fulham acredita que o título não deve escapar aos leões, tendo ainda recordado os primeiros tempos em que chegou à equipa principal e os títulos que ganhou ao serviço do seu clube de formação

João Palhinha concedeu uma entrevista a Pedro Pinto, no seu podcast 1 PARA 1, onde falou sobre variados temas, mas primeiro começou por recordar os primeiros tempos, os mais complicados da sua carreira, em que subiu à equipa principal do Sporting:

«E não vou esconder que há certos momentos em que tive dúvidas que as coisas fossem correr bem. Eu também passei por processos difíceis e lembro-me que, nos meus primeiros anos do Sporting e da equipa A, estive um ano e meio praticamente sem jogar, na altura com Jorge Jesus, ou seja, sentia que o meu papel dentro dessa equipa não era importante. Eu lembro-me que treinava a lateral direito, a defesa central e sentia que não me estavam a dar o valor que merecia, apesar de ser ainda miúdo (21 a 23 anos)», justificou.

No entanto, o português explicou que o empréstimo para o SC Braga foi o melhor que lhe podia acontecer, que o ajudou a salvar a carreira e a atingir alguns dos objetivos que sempre sonhou alcançar: «Até hoje esse foi o período mais desgastante para mim, em termos mentais, e que mais me fez questionar se algum diria viria a ter sucesso e poder alcançar aquilo que sempre sonhei fazer. E depois quando foi essa transição do Sporting para SC Braga, em que tive em empréstimo durante dois anos, as coisas felizmente começaram a correr bem e foi aí que eu comecei a acreditar que podia chegar longe, ou seja, essa chama voltou a acender dentro de mim.»

O jogador, agora de 28 anos, regressou ao Sporting, em vez de sair logo para o estrangeiro, onde se destacou (finalmente) na equipa principal e onde levantou muitos troféus, algo que significou muito para ele: «Depois veio a seleção, depois fui campeão nacional também no Sporting. Ganhei muitos troféus também no Sporting, nos anos a seguir que tive lá com o Rúben. Ou seja, as pessoas conheceram um João diferente daquilo que tinha sido no Sporting nos primeiros anos e eu também. Se tivesse saído do SC Braga para outro clube, em vez de ter regressado ao Sporting… eu senti que não tinha demonstrado aquilo que eu realmente valia no meu clube de formação. E acho que também foi muito importante para mim, enquanto pessoa, dar uma resposta diferente e mostrar às pessoas o que eu valia, e juntar isso a títulos foi fantástico.»

João Palhinha a celebrar o título de campeão nacional com Rúben Amorim

Sobre Rúben Amorim, por quem foi treinado nos dois clubes portugueses, o médio só tem coisas boas para dizer: «O Rúben sempre foi um treinador que eu admirei, desde os tempos do SC Braga. Sempre teve aquele à vontade e aquela ligação com o jogador muito próxima. Sempre tivemos uma excelente ligação e sempre me puxou para cima. Mesmo no Sporting, na altura em que fomos campeões, ele sempre me demonstrou aquilo que eu poderia vir a alcançar. Sempre foi um treinador que me ajudou a evoluir e era mais do que um treinador dentro do balneário. O Rúben que é hoje, é o mesmo que era há quatro anos, quando o apanhei no SC Braga, não o vejo de forma diferente… mas talvez um pouco mais nervoso no banco de suplentes (risos).»

O médio defensivo ainda elogiou a temporada fantástica do seu clube de formação, esta temporada, afirmando mesmo que é, sem dúvidas algumas, a melhor equipa no país, neste momento: «Eu disse no início da época que, na minha opinião, o Sporting este ano era o candidato maior a vencer o título. Acho que é de longe a equipa que melhor joga em Portugal. O FC Porto agora também, neste último mês e meio, desde a entrada do novo central (Otávio), acho que tem crescido bastante. Acho que foi um excelente reforço para eles e estou a ver um FC Porto diferente daquilo que era há uns tempos. Mas acho que o Sporting é de longe a melhor equipa, ainda não vi nenhuma equipa em Portugal a conseguir dominar o jogo contra o Sporting e acho que se continuarem assim neste andamento, parece-me que o título vai ser, este ano, outra vez verde de branco. Mas pronto, isso nunca se sabe, no futebol…»

Palhinha ainda quis destacar dois jogadores dos leões, que o surpreenderam, esta temporada, e ainda elogiou as contratações feitas pelo clube: «Estou a gostar de os ver, acho que os reforços que foram buscar são peças fulcrais também naquilo que é o estilo de jogo do mister. O gabinete scouting fez um excelente trabalho, mesmo a integração do Geny, que quando estava lá, lembro-me que era um bom jogador, mas tu não achavas que fosse sequer pertencer à equipa principal e a verdade é que me surpreendeu muito. Tem estado muito bem e a qualidade que tem apresentado, cada vez que joga a ala, tem sido um extraordinário trabalho dele na equipa e no crescimento dela. Mesmo do Quaresma, também fico feliz de ver esses meus ex-colegas a triunfarem, a terem sucesso.»

João Palhinha a celebrar a passagem às meias-finais da Taça da Liga com Marco Silva (Imago)

Por fim, o próprio falou da sua mudança do Sporting para o Fulham, de Marco Silva, revelando que tem intenções de, um dia, regressar a Portugal: «A minha dúvida era mais em relação a conseguir os objetivos, ou não, coletivos do clube. Esse foi sempre o meu maior receio, porque… vamos ser sinceros, eu saí do Sporting, fui campeão nacional no Sporting, lutávamos sempre pelo título e vir para uma equipa em Inglaterra, que apesar de estar na Premier League, ia lutar por objetivos como a manutenção… confiei também no treinador, no Marco, que fez também pressão para que eu viesse para cá e senti, acima de tudo, que já tinha feito praticamente tudo aquilo que tinha para fazer em Portugal e dei este passo na minha carreira. Não cheguei a ganhar uma Taça de Portugal, foi a única competição que não tive a felicidade de ganhar, mas espero um dia ainda vir a ganhar quando regressar a Portugal.»